ATA DA QUINQUAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA
PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM
25-6-2009.
Aos vinte e cinco dias do mês de junho do ano de
dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho,
a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada,
respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni,
Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul, João Antonio
Dib, João Carlos Nedel, Juliana Brizola, Luiz Braz, Mario Manfro e Paulinho
Ruben Berta. Constatada
a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Dr. Thiago
Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Haroldo de
Souza, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Paulo Marques,
Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Tarciso Flecha Negra, Toni
Proença, Valter Nagelstein e Waldir Canal. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios
nos 130485, 130533 e 131525/09, do Fundo Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde. A seguir, foi apregoado Requerimento de autoria do
Vereador João Pancinha, solicitando Licença para Tratamento de Saúde do dia de
hoje ao dia vinte e nove de junho do corrente, tendo o Senhor Presidente
declarado empossado na vereança o Suplente Paulo Marques, informando que Sua
Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Após,
o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Joaquim
Guilherme Vilanova Cerveira, Presidente do Conselho Regional de Odontologia do
Rio Grande do Sul, e à Senhora Isis Azevedo da Silveira, representando os
profissionais de Odontologia do Conselho Municipal de Saúde, que discorreram
sobre o atendimento à saúde bucal a que tem acesso a população porto-alegrense.
Após, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Mario Manfro, Airto
Ferronato, Dr. Thiago Duarte, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul, João
Carlos Nedel e Toni Proença manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a
Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o Vereador Airto
Ferronato. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador
Waldir Canal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a retirada da Emenda
nº 01, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 015/09 (Processo nº 0677/09).
Às quatorze horas e quarenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e dois minutos,
constatada a existência de quórum. A seguir, constatada a existência de quórum
deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo Vereador Adeli
Sell, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, iniciando-se o período de
COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do § 4º do artigo 180 do Regimento, a
exposição do projeto urbanístico, arquitetônico e de trabalho social
acompanhado pelo GTR – Geração de Trabalho e Renda da Vila Dique. Compuseram a
Mesa: os Vereadores Sebastião Melo e Adeli Sell, respectivamente Presidente e
1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os
trabalhos; os Senhores Humberto Goulart, Carlos Henrique Reis e Silva e Luiz
Carlos Severo da Silva, respectivamente Diretor-Geral, Superintendente de
Urbanismo e Produção Habitacional e Superintendente de Ação Social e
Cooperativismo do Departamento Municipal de Habitação; o Senhor Roberto Zeni,
Gerente de Desenvolvimento da CaixaRS, e a Senhora Maria Luiza Soares Moraes,
Coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC – em Porto Alegre. Na ocasião, foram apregoados os seguintes
Memorandos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando autorização para representar
externamente este Legislativo: de nº 033/09, de autoria das Vereadoras Fernanda
Melchionna e Sofia Cavedon, ontem, na reunião de negociação entre municipários
de Porto Alegre e Governo Municipal, às quatorze horas, em Porto Alegre, e de
nº 033/09, de autoria da Vereadora Sofia Cavedon, hoje, na abertura da Conferência
Nacional de Educação – Etapa Porto Alegre –, no Centro Universitário Metodista
IPA, às nove horas, em Porto Alegre. Em prosseguimento, foi apregoado Requerimento
de autoria do Vereador Valter Nagelstein, solicitando Licença para Tratamento
de Saúde, do dia vinte e nove de junho ao dia três de julho do corrente. Após,
o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Humberto Goulart, Carlos Henrique
Reis e Silva e Luiz Carlos Severo da Silva, que discorreram sobre propostas e
encaminhamentos efetuados pelo Governo Municipal para remoção e reassentamento
da Vila Dique, em face das obras de ampliação da pista do Aeroporto Internacional
Salgado Filho. Na oportunidade, o Senhor Presidente informou que este Legislativo
promoverá audiência pública para debater questões atinentes à Vila Dique, tendo-se
manifestado a respeito os Vereadores Reginaldo Pujol, Fernanda Melchionna,
Haroldo de Souza, Toni Proença e Maria Celeste. Também, o Senhor Presidente solicitou
fosse formada comissão de representantes da comunidade da Vila Dique para
reunião a ser realizada a seguir no Salão Nobre Dilamar Valls Machado, com o objetivo
de definir data, local e horário da Audiência Pública acima referida, designando
os Vereadores Toni Proença, Maria Celeste e Valter Nagelstein para representarem
este Legislativo nessa reunião. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do § 5º do artigo
180 do Regimento, os Vereadores Engenheiro Comassetto, Haroldo de Souza, Carlos
Todeschini, Nelcir Tessaro e João Antonio Dib manifestaram-se acerca do assunto
em debate. Na ocasião, foram apregoados os Memorandos nos 091 e
090/09, firmados pelo Vereador Sebastião Melo, Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre, por meio do qual Sua Excelência informa as Representações Externas,
ontem, respectivamente do Vereador Adeli Sell, na cerimônia de Abertura do 10º
Fórum Internacional de Software Livre, às dezesseis horas, na Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e do Vereador Airto Ferronato,
em reunião de trabalho sobre a “Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil”, às
quinze horas, na Secretaria Municipal de Administração, em Porto Alegre. Ainda, foram apregoados os seguintes Memorandos,
deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando autorização para representar
externamente este Legislativo: de nº 057/09, autoria do Vereador Beto Moesch,
hoje, em Audiência Pública para debater o Código Florestal, no Teatro Dante
Barone do Palácio Farroupilha, em Porto Alegre, e de nº 042/09, de autoria da
Vereadora Maria Celeste, no dia de ontem, em curso sobre “Metodologia de
trabalho do Conselho Tutelar e da Rede de Atendimento”, realizado no Campus das
Faculdades Integradas de Taquara, no Município de Taquara – RS. Na
oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença, neste Plenário, do Senhor
Gil Soares Almeida, ex-Prefeito do Município de Cacequi – RS. Também, o
Vereador Reginaldo Pujol manifestou acerca das inscrições dos Senhores
Vereadores para debater o processo de remoção e transferência da Vila Dique. A
seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Humberto Goulart, para
considerações finais acerca do assunto em discussão. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos
266/08, 104, 020/09, este discutido pelos Vereadores Adeli Sell, João Antonio
Dib, Engenheiro Comassetto e Dr. Raul, 079/09, discutido pelo Vereador João
Antonio Dib, o Projeto de Lei do Executivo nº 017/09, e o Projeto de Resolução
nº 011/09; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 081 e
090/09, este discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Dr. Raul, e o Projeto
de Resolução nº 019/09. Na ocasião, o Senhor Presidente convidou os Senhores
Vereadores para reunião a ser realizada hoje, às dezessete horas, no Salão
Nobre Dilamar Valls Machado, com o Senhor Clóvis Magalhães, Secretário Municipal de Gestão e Acompanhamento
Estratégico, e representantes do Sindicato dos Municipários de Porto
Alegre – SIMPA –, e para o Ciclo de Debates sobre Reforma Política, a ocorrer
hoje, às dezenove horas, neste Plenário. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciaram-se os Vereadores João Antonio Dib, Dr. Thiago Duarte e Engenheiro
Comassetto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, pronunciou-se o Vereador Aldacir José
Oliboni. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o Vereador Reginaldo
Pujol. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, pronunciou-se o Vereador Valter Nagelstein.
Às dezessete horas e dezessete minutos, o Senhor Presidente declarou encerrados
os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da
próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Sebastião Melo e Adeli Sell e secretariados pelo Vereador Nelcir
Tessaro. Do que eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. João
Pancinha solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje, 25 de junho
de 2009. A Mesa declara empossado o Suplente Ver. Paulo Marques, nos termos
regimentais, que integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação.
Passamos à
Temos o prazer de receber aqui
profissionais da área odontológica. A Tribuna Popular de hoje tratará de
assunto relativo à atenção à saúde bucal no Município de Porto Alegre. O tempo
regimental de 10 minutos será dividido entre dois oradores: o Sr. Joaquim
Guilherme Vilanova Cerveira, Presidente do Conselho Regional de Odontologia do
Rio Grande do Sul, e a Drª Isis Azevedo da Silveira, representante dos
Profissionais de Odontologia no Conselho Municipal de Saúde.
O Sr. Joaquim Guilherme Vilanova Cerveira está com
a palavra.
O SR. JOAQUIM GUILHERME VILANOVA CERVEIRA: Estamos aqui
na condição de Conselheiro-Presidente do Conselho Regional de Odontologia do
Rio Grande do Sul, representando mais de 18 mil profissionais
cirurgiões-dentistas deste Estado, sendo que, aproximadamente, quatro mil do
Município de Porto Alegre. Nossa representação se dá ainda sobre mais quatro
categorias profissionais, todas relacionadas ao exercício da Odontologia.
Ao saudar o Ver. Adeli, neste momento presidindo
esta Casa Legislativa, saudamos todos os Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras de Porto Alegre. Uma saudação muito especial aos Srs. Vereadores que
compõem a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, na pessoa do seu Presidente, O
Ver. Carlos Todeschini; também uma saudação muito especial ao colega
Cirurgião-Dentista Mario Manfro, membro dessa Comissão. Além da nossa
homenagem, Mario, queremos agradecer a oportunidade de estar ocupando esta
Tribuna Popular e também o apoio e o interesse que tens dado às questões da
saúde bucal.
Nossa categoria, através do nosso Conselho, adotou
um slogan: “Só existe saúde com saúde na boca”. Acreditamos nisso assim
como acreditamos que Porto Alegre, que também tem como slogan “Cidade
Sorriso”, mereça realmente ostentá-lo. Teríamos, então, a combinação perfeita:
uma cidade com um sorriso saudável. Infelizmente temos que reconhecer que
estamos longe desse ideal. Determinantes de diferentes naturezas concorrem para
isso; aqui, por oportuno, vamos enfocar as insuficientes políticas públicas na
área.
Iniciamos pela atenção básica. Temos no Município,
entre unidades e centros de saúde, um número de 150 unidades e apenas 44 com
assistência odontológica. Com relação às equipes de Saúde da Família, o
Município tem 93 implantadas com uma cobertura populacional de apenas 22,4% e,
em relação às equipes de saúde bucal, apenas 11 implantadas, com escassos e
ridículos 3,9% de cobertura populacional. Esses dados foram extraídos do site
do Ministério da Saúde e são relativos a março de 2009.
Ainda na atenção básica, temos atuando efetivamente
nesse nível 105 profissionais - esses números constam no site da própria
Prefeitura, são relativos ao ano de 2007. Acreditamos que, de lá para cá, esse
número tenha se reduzido, mas, se considerássemos aqueles números, teríamos a
relação de um cirurgião-dentista para cerca de 13,7 mil habitantes, e a
Organização Mundial de Saúde preconiza um cirurgião-dentista para 1,2 mil
habitantes, 1,5 mil habitantes. Nesse sentido, os senhores podem avaliar os
números.
Passamos agora à atenção de média complexidade em
Odontologia, que compreende a assistência nas áreas da endodontia, do
tratamento de canal; da periodontia, do tratamento das gengivas; das cirurgias
orais menores e do atendimento a pacientes portadores de necessidades
especiais. A Cidade apresenta para esse contingente populacional apenas quatro
desses serviços, conhecidos como CEOs - Centros de Especialidades Odontológicas
-, que, para os porto-alegrenses, representam um verdadeiro inferno astral.
Salientamos que essa relação habitante/potencial de serviço na área dos Centros
de Especialidades, definida pelo próprio Ministério da Saúde, indica que a
Cidade deveria ter no mínimo mais dez desses serviços. Ainda em relação à média
complexidade, embora haja a previsão e a necessidade da oferta de próteses
dentárias dentro do Sistema Único de Saúde, encontramos, em Porto Alegre,
apenas um laboratório regional de prótese, em parceria com o Grupo Hospitalar
Conceição. É paradoxal esse Sistema de Saúde que é capaz de oferecer as mais
complexas cirurgias como transplantes e implantes de diversas naturezas e é
incapaz de oferecer a reabilitação protética para as pessoas que apenas precisam
se alimentar corretamente e sorrir com felicidade. Dentro desse paradoxo, damos
um exemplo: um jovem que se acidente em uma motocicleta e sofra múltiplas
fraturas na face tem muito mais facilidade e possibilidade de se reabilitar do
que um jovem que caia ou sofra um trauma e quebre apenas um dente da frente.
Essa é a realidade fria da assistência à saúde neste Município.
Vamos ainda focar uma questão
séria que envolve uma patologia da nossa área e que apresenta elevado grau de
mortalidade: o câncer bucal. Temos insistido com os profissionais da Atenção
Básica sobre a importância do diagnóstico precoce, mas, no entanto, não
conseguimos assegurar o imediato tratamento. Dificuldades aparecem tanto na
área da confirmação diagnóstica, exames histopatológicos que a gente não
consegue fazer, quanto no tratamento propriamente dito, pois a gente não
consegue assegurar o tratamento para os pacientes com câncer de boca. Aquilo
que foi o esforço de diagnóstico precoce e que evitaria, com certeza, o
agravamento da doença e até a morte da pessoa acaba, pela insuficiência do
sistema, levando o indivíduo ao óbito. Por isso este Estado e esta Cidade detêm
os maiores números de letalidade dessa patologia no Brasil.
Ainda temos que salientar que, dentro desse sistema
paradoxal, está excluída a maioria dos trabalhadores. Nós temos pouquíssimos
serviços que atendem em terceiro turno; portanto, o trabalhador, para ser
atendido dentro do Sistema de Atenção à Saúde Bucal de Porto Alegre, tem que
faltar ao serviço. Nós precisamos aumentar a oferta de assistência no terceiro
turno.
Por fim e por último, Sr. Presidente, queremos
registrar - e aqui é o único registro que faço em nome da corporação dos
cirurgiões dentistas; todos os que fiz até aqui foram em nome da saúde do porto-alegrense
- a nossa inconformidade com a forma de contratação dos trabalhadores em Saúde
que vem acontecendo na cidade de Porto Alegre. Contrariando o mandamento
constitucional, o Município de Porto Alegre vem, ultimamente, terceirizando a
contratação de trabalhadores da Saúde em atividades-fim.
Compartilhamos o nosso espaço nesta tribuna com a
Drª Isis Azevedo da Silveira, representante dos profissionais de Odontologia no
Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, que fará algumas considerações.
Agradecemos a atenção dos senhores e das senhoras e esperamos estar colaborando
com a saúde da nossa gente, na medida em que, temos certeza, esta Casa
Legislativa adotará medidas capazes de encaminhar soluções para os problemas
que apontamos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado. A
Drª Isis está com a palavra.
A SRA. ISIS AZEVEDO DA SILVEIRA: Como
representante dos profissionais cirurgiões-dentistas no Conselho Municipal de
Saúde, onde, inclusive, convivo com o Vereador Todeschini e com o Dr. Raul,
que, seguidamente, estão presentes, tenho a oportunidade de ouvir a fala dos
usuários em seus pedidos e reclamações a respeito da deficiência do atendimento
odontológico. Como integrante da Comissão de Fiscalização do Conselho Municipal
de Saúde, posso constatar essas deficiências. Vejo uma população que poderia
ter mais postos de atendimento. Vejo, em alguns locais, equipamentos sucateados
como, por exemplo, os da Vila Cruzeiro e IAPI, e os CEOs funcionando sem todas as
especialidades a que se propõem, sem falar no número de profissionais que estão
comentando sua aposentadoria.
Assisti, na última Sessão plenária, do dia 18 deste
mês, a uma exposição sobre as demandas em Saúde feitas pelo Orçamento
Participativo da Cidade e constatei 13 solicitações para odontologia em
diversas zonas da Cidade, notadamente habitadas por pessoas de classe
socioeconômica menos favorecida. Assim sendo, nota-se que a população sente
essa necessidade de saúde, as pessoas querem ter saúde bucal. Eu tenho a
relação aqui dos locais. O pedido é de instalação de um Centro de
Especialidades de Odontologia na Restinga; atendimento odontológico na Restinga
5a Unidade; equipes de Saúde Bucal na FAPA Timbaúva, Pitinga,
Herdeiros, Esmeralda, Ponta Grossa, Lami, Divisa, Cristal/Cruzeiro, Jardim
Carvalho, Osmar Freitas e um gabinete odontológico no bairro Santa Teresa.
Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
Convidamos para
compor a Mesa o Sr. Joaquim Guilherme Vilanova Cerveira, Presidente do Conselho
Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul; e a Srª Isis Azevedo da Silveira,
representante dos profissionais de odontologia no Conselho Municipal de Saúde.
O Ver. Mario Manfro
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. MARIO MANFRO: Sr. Presidente, Ver. Adeli Sell; Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores; público que nos assiste, em primeiro lugar, eu quero agradecer
a presença dos convidados de hoje, do CRO.
Eu fui o proponente
desta Tribuna Popular, porque, historicamente, acredito que a Odontologia não
tem recebido dos gestores a importância devida.
Digo historicamente,
porque não é de agora que nós estamos com um número um defasado de pessoal; não
é de agora que a atenção é menor do que deveria ser. Para exemplificar, hoje
nós contamos com 92 ou 93 PSFs - Programa de Saúde da Família -, menos de 10%
desses Programas contemplam a equipe de Saúde Bucal.
Como
Cirurgião-Dentista, eu não consigo entender uma pessoa sadia sem a saúde bucal.
Não é separado, não é estanque. Se a pessoa não tem saúde bucal, ela não pode
ser considerada uma pessoa sadia.
Então, como eu disse,
nós estamos ficando para trás. Eu quero resgatar isso, porque sei da
necessidade, principalmente da população mais carente; e tenho certeza de que
há diversos clientes meus da Vila Dique, que está representada hoje aqui, onde
tenho diversos exemplos, porque faço um trabalho comunitário lá. E eu, que
milito nessa região mais carente, noto como é importante para uma pessoa que está desdentada -
vamos usar o termo popular - colocar os dentes; como isso modifica a
autoestima, como isso modifica a chance de essa pessoa conseguir um trabalho.
Então, eu reforço: a saúde bucal é fundamental, e
eu conto com o apoio dos meus colegas, para que a gente olhe para a saúde bucal
com bastante carinho na nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Obrigado, Ver.
Mario Manfro.
O Ver. Airto Ferronato está com a palavra, nos
termos o art. 206 do Regimento, e para uma Comunicação de Líder.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores
aqui presentes, quero mandar, em especial, uma abraço à criançada que está
aqui. Eu quero registrar, caro Presidente Joaquim Guilherme e Drª Isis, que
ouvi a manifestação dos senhores e também a posição do Ver. Mario Manfro. Quero
dizer que, às vezes, não consigo compreender algumas coisas. Eu tenho 57 anos
de idade - e não acreditam -, criei-me na Linha Quinta, no interior do interior
do Município de Arvorezinha. Imaginem o que era a Linha Quinta há 57 anos, no
interior do interior do Município de Arvorezinha!
E nós estamos hoje em Porto Alegre, 57 anos depois,
na Capital da nossa gente gaúcha.
Lembro-me que, há mais de 57 anos, dentistas e
médicos iam às escolas com uma frequência interessantíssima. E, na Linha
Quinta, há 50 anos, nós tínhamos dentistas - minha gurizada querida que está
por aqui - que iam dar uma olhada para ver como estava a saúde bucal da nossa
gurizada no interior do Estado, repito, há 57 anos. Tínhamos consulta dentária,
e era de graça! O Poder Público pagava para que profissionais de Saúde -
dentistas - fossem às escolas. Pois me parece que isso ficou no esquecimento, e
foi de um erro extraordinário, um crime que se cometeu contra a nossa gurizada
gaúcha e brasileira. E aquela gurizada gaúcha e brasileira está aqui, também
hoje temos gurizada de 20, 25, 30, 40 anos atrás, mas não temos assistência,
neste País, com relação à Odontologia. O Ver Mario Manfro fala disso com
bastante frequência aqui, e ele tem nossa inteira disposição, pois queremos
estar juntos.
O
Brasil, não me canso de dizer, dá exemplo para muitos países desenvolvidos do
mundo, países próximos ou mais distantes, na área da Previdência e Assistência
Social com o nosso SUS, com o nosso INSS, a nossa Previdência, que é
universalizada. Como falou o Dr. Joaquim, se alguém se machuca na assistência à
saúde, dentro dos nossos hospitais ele é atendido, sim, com todo o carinho.
Claro que temos milhões de pessoas que vão ao SUS todos os dias. Os recursos
são pequenos, mas nós temos a questão da universalização desse serviço
essencial para o nosso povo, e é exemplo para o mundo inteiro a Previdência
Social brasileira.
Agora, lamentavelmente - e isso na minha modesta
visão, e eu não sou conhecedor profundo do assunto -, quero registrar que nós
não temos absolutamente nada com relação à assistência na questão da saúde
bucal no nosso País; e essa luta que os senhores e as senhoras empreendem aqui
hoje tem o nosso total e irrestrito apoio, porque é preciso pensar no
tratamento bucal do nosso cidadão, a começar pela nossa gurizada, e temos que
copiar o que se fazia - eu repito - há 57 anos, no interior do interior de um
Município pequeníssimo ainda hoje, imaginem o que era a nossa comunidade há 57
anos.
Quero me colocar à disposição desta causa, e estou
junto com o pessoal que está aqui nesta causa, que também é moradia, escola,
creche. As nossas mães e os nossos pais precisam trabalhar; não posso
compreender como vão trabalhar deixando a nossa gurizada de um, dois ou três
anos em casa sem saber como são os espaços públicos; eles precisam de uma
atenção toda especial do Poder Público do Município, do Estado e da União - por
que não? Um abraço a todos e obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Dr.
Thiago Duarte está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre
Presidente; ilustres representantes colegas da área da Saúde do CRO, eu fico
muito contente ao ver a Doutora mencionando a necessidade de ampliação dos
gabinetes odontológicos, das atividades odontológicas do Extremo Sul, quando
ela cita a 5ª Unidade, quando ela cita a Pitinga e quando ela cita o CEO -
Centro de Especialidades Odontológicas - de que a Restinga, o Extremo Sul, têm
tanta necessidade, porque, infelizmente, se nós não temos um profissional
odontólogo na região para essa população, não adianta ter um serviço
especializado em outro lugar, porque o deslocamento e a dificuldade desse
deslocamento é muito grande. Então eu quero ratificar essa necessidade de
ampliação e quero dizer que tive a oportunidade de coordenar a região na área
da Saúde e de ver a implementação, no primeiro mandato do Prefeito, de um terceiro
turno e de um dos postos de saúde mais avançados, mais distantes do Centro da
Cidade e espero que isso também continue e semeie frutos.
Finalizando, eu gostaria de mencionar a importância
da prevenção também na odontologia. Então que a gente possa, cada vez mais, o
Município de Porto Alegre, investir no NASCA, que é aquele serviço que tem
profissional odontólogo, médico, que vai às escolas fazendo a promoção e a
proteção à saúde dos infantes, adolescentes e crianças. Muito obrigado; nós nos
solidarizamos com a posição de vocês.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Apregoo a
retirada da Emenda n° 01 ao PLL n° 015/09.
O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras; Dr. Joaquim Vilanova, Presidente
do CRO; Drª Isis da Silveira, conselheira do CRO, com quem tivemos uma
frequência de atividades no Conselho; Ver. Mario Manfro, falo em nome da
Bancada do Partido dos trabalhadores, do Ver. Adeli Sell, da Verª Maria
Celeste, do Ver. Engenheiro Comassetto, do Ver. Aldacir José Oliboni, da Verª
Sofia Cavedon, do Ver. Mauro Pinheiro e deste Vereador.
Em primeiro lugar, temos que destacar e
cumprimentar os profissionais de Odontologia, em especial os profissionais do
Rio Grande do Sul, pela alta, pela relevante qualidade profissional que têm os
dentistas brasileiros, mas, em especial, do Rio Grande do Sul. Estive na
homenagem, na entrega das Comendas, onde foi homenageado o grande mestre, nosso
amigo, Adair Buzatto, profissional de reconhecimento mundial como pesquisador,
como técnico e como cientista nessa área. Então orgulha, fortalece e dá um
conforto e uma alegria muito grande termos profissionais como vocês, assim como
todos os profissionais de Odontologia do Rio Grande do Sul e do Brasil, pela
qualidade das nossas escolas e pela extraordinária formação que temos.
Evidentemente, aqui foram colocadas situações de um
diagnóstico tanto pelo Presidente quanto pela Drª Isis, das dificuldades e das
carências que temos na área odontológica. Eu sempre ouvi falar - quando
Presidente do DCE, eu frequentava a Universidade e tinha uma relação muito
próxima da Faculdade de Odontologia - que a boa saúde começa pela boca porque é
onde começa o processo de digestão dos alimentos, mastigação. Enfim, todo o
processo de saúde tem esse importante elemento.
E nós temos uma situação, evidentemente, de
dificuldades; ninguém nega, a Saúde enfrenta dificuldades, ela nunca será
perfeita, mas o Governo Municipal tem deixado muito a desejar, porque os
programas do Governo Federal, os programas como o Brasil Sorridente, e mesmo os
equipamentos que chegaram aqui não estão sendo utilizados, muitos estão
parados, muitos estão mofando, estão cobertos de poeira, enquanto a população
está necessitada. Então, esse é o fato que nós temos a lamentar, e também a
falta de convergência, a falta de integração do Governo Municipal em ampliar os
horizontes e em ampliar os seus serviços para a cidade de Porto Alegre,
buscando universalizar o atendimento, como preconiza e como deve ser aplicado o
SUS.
Então, vocês contem aqui com a nossa solidariedade,
mais do que palavras. A Drª Isis já havia proposto, e estou aguardando apenas
uma formalização do pedido, que, em conjunto, Ver. Mario Manfro e demais
membros da COSMAM, façamos um debate, porque nós vamos chamar o Governo e vamos
trabalhar para avançar, para que a nossa população tenha um melhor conforto de
atendimento e para que o Brasil possa ser mais sorridente, em especial a nossa Cidade.
Então, estamos aguardando a sua provocação para uma agenda na COSMAM para o
próximo semestre. Obrigado pela presença.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. DJ
Cassiá está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente; Sr. Joaquim,
dentista; Srª Isis, dentista, eu quero parabenizar os senhores por essa
iniciativa, e quero também dar os parabéns ao meu colega, meu amigo, o qual tem
sido um grande parceiro num Projeto que nós temos, que funciona aos domingos,
cada domingo numa comunidade; o meu colega, Ver. Mario Manfro, tem sido um
grande parceiro, indo lá dar o seu atendimento, sendo solidário com as pessoas
que precisam.
Eu quero dizer aos senhores que cidadão sem
endereço, infelizmente, não existe para a sociedade. O cidadão e uma criança
sem os dentes, melhor dizendo, falando bem o Português, serve de gozação para
os seus colegas, e o cidadão sem os dentes, infelizmente, não consegue um
emprego, porque os dentes são o seu cartão de visita.
Eu quero dizer, Ver. Todeschini, não só para o
Governo Municipal, mas também para esta Casa, para nós, que fomos eleitos para
fiscalizar, que, se realmente existem determinados desperdícios de aparelhos
por não estarem sendo usados, esta Casa não está fiscalizando bem.
Mas eu quero aqui fazer um apelo ao Governo
Municipal, ao Governo Estadual e ao Governo Federal, que, em conjunto, façam o
trabalho não só para uma determinada região, mas, sim, para a Bom Jesus, para a
Restinga, para o Belém Novo, para a Zona Leste, para a Zona Oeste, enfim; é lá
dentro das comunidades que se precisa, realmente, do atendimento gratuito, do
atendimento solidário, do atendimento independente de Partido para comunidades
que precisam. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Dr.
Raul está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. DR. RAUL: Ver. Adeli Sell, na presidência
dos trabalhos, eu gostaria, em primeiro lugar, de saudar todos os
cirurgiões-dentistas na pessoa do nosso colega Ver. Mario Manfro; da Drª Isis,
que tão bem representa a categoria no Conselho Municipal; do nosso Presidente,
Dr. Joaquim. Na realidade, a nossa boca é a entrada da saúde, vamos dizer
assim; se não tivermos saúde na cavidade oral, o nosso organismo todo se
prejudica. Como médico, vemos muito isto, são nefrites, são endocardites, são
situações gravíssimas que acontecem em função do mau estado da boca. A gente é
obrigado a reconhecer que, embora com alguns avanços, estamos muito aquém da
necessidade, muito aquém! Os Governos tentam, mas acabam priorizando outras
áreas dentro da Saúde, não priorizando a Odontologia. Eu acho muito importante
que tentemos modificar essa lógica, e a Câmara, de uma maneira geral, todos os
Vereadores são apoiadores. Acredito que o próprio Conselho deve trazer suas
demandas aqui para que a Casa consiga também propor, fiscalizar, tentar
melhorar essas questões. A mensagem que deixamos é uma mensagem de apoio, mas,
ao mesmo tempo, de preocupação, porque sabemos que todos os nossos PSFs
deveriam ter uma equipe odontológica; praticamente não temos nem em 5%. Algumas
de nossas Unidades Básicas de Saúde já avançaram nesse sentido, mas deveria
haver um volume muito maior, e, nos nossos Centros de Especialidade Odontológica,
também teríamos que dar uma cobertura muito mais eficiente. Embora nem se
pensasse nisso há alguns anos, hoje eles já estão parcialmente constituídos.
Então, somos parceiros para avançar nesse processo e fazer uma Saúde pública
melhor para todos, muito especialmente na área da saúde bucal. Parabéns a
vocês; somos apoiadores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu queria dar as boas-vindas ao Dr. Joaquim Guilherme Vilanova Cerveira e à
Drª Isis Azevedo - que vêm aqui nesta Casa nos informar sobre o assunto da
saúde bucal em Porto Alegre - em nome do Partido Progressista, do nosso Líder,
Ver. João Antonio Dib, do meu e do Ver. Beto Moesch.
Dr. Joaquim e Drª Isis, vocês vieram aqui nos
informar e nos orientar sobre esse assunto que, às vezes, nós temos pouco
conhecimento, e então nós ficamos sabendo desta orientação, de como é
importante esse setor. E a gente vê também as deficiências que o Município tem,
porque nós também sabemos da insuficiência das verbas do SUS para a Saúde, que
é uma luta constante; falta verba para a Odontologia, falta verba para o Pronto
Socorro da Zona Sul. Eu queria dizer que acabei de falar com o Secretário
Eliseu Santos sobre os equipamentos que estão parados, e ele disse que estão
sendo providenciadas as instalações necessárias, as instalações hidráulicas,
porque, em muitos postos, não há nem espaço, e V. Exª sabe das exigências que a
Vigilância Sanitária faz. Estão sendo providenciadas, sim.
E sobre o programa Brasil Sorridente também já está
sendo feito o convênio, mas nem sempre Brasília é ágil o suficiente, porque as
necessidades da Saúde sempre correm na frente dos governos e de suas burocracias.
Nós agradecemos a presença de todos. Voltem seguidamente, porque nós precisamos
muito desse diálogo e dessas informações. Muito obrigado e parabéns pelo
trabalho de vocês. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Toni
Proença está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TONI PROENÇA: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; Dr.
Joaquim Vilanova Cerveira, Presidente do Conselho Regional de Odontologia do
Rio Grande do Sul, que nos trouxe hoje essas informações a respeito da saúde
bucal de Porto Alegre; quero fazer aqui um reconhecimento ao nosso colega Mario
Manfro, odontólogo, que foi quem proporcionou a toda a Casa a oportunidade de
discutirmos um pouco sobre saúde bucal em Porto Alegre. Eu acho que Porto
Alegre está devendo muito nessa área, Porto Alegre precisa fazer um esforço
muito grande. Esse esforço tem que ser da Prefeitura Municipal, das
universidades, da Academia, do Conselho e da Câmara de Vereadores. Nós temos
que fazer um mutirão pela saúde bucal em Porto Alegre. Nós tínhamos, inclusive,
que estabelecer uma meta para os próximos 10 anos para tentar universalizar o
atendimento odontológico em Porto Alegre.
A gente, que caminha pelas comunidades da periferia
de Porto Alegre, encontra muitos postos de saúde que não têm equipamento para a
Odontologia. E, pior ainda, a gente encontra outros postos de saúde que têm o
equipamento e não têm o dentista. Isso é ainda mais preocupante. Portanto,
contem com a Bancada do PPS e contem com esta Casa na luta para fazermos esse
mutirão na busca da universalização da saúde bucal em Porto Alegre. Parabéns
pelo trabalho! Parabéns ao Ver. Mario Manfro. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A Tribuna Popular
hoje foi ocupada pelo CRO, Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do
Sul, para tratar da atenção à saúde bucal no Município de Porto Alegre. Nós
queremos agradecer a presença do Presidente, Sr. Joaquim Guilherme Vilanova
Cerveira, e da Drª Isis Azevedo da Silveira, representante dos profissionais de
Odontologia no Conselho Municipal de Saúde.
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h41min.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell – às 14h42min): Estão reabertos
os trabalhos.
Em votação a proposta de inversão da Ordem do Dia.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Passamos às
Hoje o período de Comunicações é destinado à
exposição do Trabalho Urbanístico e Arquitetônico e Trabalho Social,
acompanhado pelo GTR - Geração de Trabalho e Renda - da Vila Dique. Teremos a
participação do nosso colega licenciado, Dr. Humberto Goulart, Diretor-Geral do
Departamento Municipal de Habitação; do Sr. Roberto Zeni, Gerente de
Desenvolvimento da Caixa/RS; da Srª Maria Luiza, Coordenadora do Programa de
Aceleração do Crescimento em Porto Alegre - PAC; do Sr. Carlos Henri Reis,
Superintendente de Engenharia do DEMHAB; e do Sr. Luiz Carlos Severo,
Superintendente de Ação Social e Cooperativismo do DEMHAB. Peço que todos se
assentem junto à Mesa Diretora dos trabalhos. (Pausa.)
Apregoo o Requerimento, de autoria das Vereadoras Sofia Cavedon e Fernanda
Melchionna, referente à representação desta Casa, no dia 24.06.2009, a partir
das 14h, em reunião de negociação entre municipários e Governo, com o
Secretário Clóvis Magalhães, sobre a insalubridade dos servidores do Hospital
Pronto Socorro.
Apregoo Requerimento de autoria da Verª Sofia
Cavedon, que solicita representar esta Casa, no dia 25 de junho, às 9h e no
período da tarde, no Instituto Metodista - IPA - quando será conferencista.
O Ver. Valter Nagelstein solicita Licença para
Tratamento de Saúde no período de 29 de junho a 03 de julho. Peço que V. Exª
assine e entregue à Diretoria Legislativa. Muito obrigado.
O Dr. Goulart - nosso colega licenciado -,
Diretor-Geral do DEMHAB, está com a palavra.
O SR. HUMBERTO GOULART: Muito
boa-tarde, meu querido Presidente Adeli Sell, colega e amigo, um abraço
afetuoso aos meus colegas Vereadores Luiz Braz e tantos outros; eu queria
cumprimentar também os amigos da Mesa, o Dr. Zeni, da Caixa Federal; e queria
cumprimentar todos amigos que nos visitam nesta tarde.
O nosso assunto é a Vila Dique. Normalmente tem
sido tratado mais amplamente, em outros planos, esse assunto da Vila Dique e
Nazaré, porque são próximas e fazem parte da mesma essência, da necessidade de
desobstruir a frente da pista do Aeroporto Salgado Filho, para que ele se torne
um aeroporto tipo internacional, universal, ou seja, onde pousem aviões bem
grandes não só para transportar pessoas, mas principalmente carga, e lá também
há de ser construído um depositário de cargas imenso, gigante, colocando o
Brasil na rota do grande comércio. Para que isso seja feito, vai ser necessário
não só o reassentamento da Vila Dique e da Nazaré como também de parte da Vila Floresta, de que está se tratando, e
de algumas outras áreas que ali existem, ao redor do terminal do Aeroporto
Salgado Filho.
Quando cheguei ao DEMHAB,
assim que começou o Governo, já estavam andando esses Projetos todos, ou seja,
eles já haviam sido concebidos, já tinham sido aprovados pela comunidade, pela
Caixa Econômica e pelas instâncias da Prefeitura Municipal. Então este novo gestor
tratou de dar seguimento a esse grande Projeto, que é uma ajuda inestimável que
o Governo Lula dá à cidade de Porto Alegre. Nós temos que cumprimentar o nosso
Prefeito, que também aderiu a este Projeto, dando a sua contrapartida, que não
é baixa, é bastante alta, mas, fundamentalmente, agradecer o Presidente Lula
por colocar o Rio Grande do Sul na rota das suas elocubrações de futuro.
Então este Projeto prevê, o já começaram a ser
feitas, 1.496 unidades habitacionais para, segundo a Fundação João Pinheiro, de
Minas Gerais, que é uma das mais acreditadas, lá serem albergadas em torno de
quatro mil pessoas.
Quando cheguei ao DEMHAB, já estavam terminando a
infraestrutura, ou seja, a chegada de água, a saída de esgoto pluvial e
cloacal, a luz, toda essa estrutura já estava quase terminando, e terminou.
Lá
existe outra estrutura saneadora chamada Estação de Tratamento de Esgotos, que
tem, Presidente Adeli Sell, oito metros por oito; ela é imensa, é enorme, para
que todos os dejetos da Vila sejam colocados ali, tratados primariamente ali e
removidos para outros pontos, onde vão ser devolvidos ao Guaíba de maneira
saneada, ou seja, faz parte também da recuperação do rio Guaíba, que é do PISA
- Programa Integrado Socioambiental -, mas
já fica adequado assim.
Bom, o que nós temos que saber? Que a grande
preocupação dos governos, nos assentamentos de vilas onde moram pessoas de
menor poder aquisitivo, é levar em conta essa situação de zero a três salários
mínimos, ou seja, fazer casa do Governo para pessoas que nunca poderiam ter
casa, a não ser que tirassem na loteria ou que revissem toda a sua biografia e
começassem a trabalhar de um jeito que auferisse ganhos para poder comprar um
apartamento mais digno. Nós estamos voltados para aqueles que não têm nada,
para aqueles que não têm quase nada, para aqueles que precisam muito, para
aqueles que precisam tudo - é para esses. Por que eu digo isto, no início, que
é a grande preocupação do Governo Fogaça e deste Secretário? Porque existem, na
Vila, aparelhos para comércio que têm um tamanho enorme, que têm 150, 200
metros quadrados, e esses não foram elencados no nosso planejamento, segundo
informações que recebi de quem me antecedeu. Por quê? Porque nós estamos
fazendo uma vila para gente pobre ascender, melhorar; nós não estamos pensando
em fazer construções para pessoas que têm 250 metros construídos e que têm um
capital imenso, que podem comprar uma cobertura no bairro Moinhos de Vento, se
quiserem.
É preciso que as pessoas saibam que os gestores têm
que estar voltados para a Cidade inteira, e, principalmente, para os que
precisam mais. Esta é uma obrigação do gestor: acolher os que mais necessitam,
os que mais precisam.
Então, meus amigos, agora começa a transposição e a
retirada dos primeiros moradores. E começam a se alvoroçar aqueles que têm
grandes casas, aqueles que têm grandes fortunas; começam a aliciar e,
provavelmente, comprar as pessoas para, neste momento inadequado, reclamarem de
uma situação que deveria ter sido reclamada no início do Projeto que todos
conhecem. É necessário que a população tenha a inteligência...
(Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Pessoal, nós
estamos numa atividade em que a Gestão pública convidada tem seu tempo para
falar. Depois os Vereadores falarão, e, ao final de cada fala, cada um poderá fazer
sua manifestação democrática, mas, enquanto alguém estiver falando, eu peço a
colaboração.
O SR. HUMBERTO GOULART: Muito
obrigado, Sr. Presidente. Então, é necessário que a população das nossas vilas
de Porto Alegre e inclusive de outras que estão em situações piores do que as
vilas Dique e Nazaré, possam identificar quais são os seus inimigos e quais são
os seus amigos. Não pensem que pessoas que, agora, no momento, estendem a vocês
qualquer tipo de ajuda, inclusive monetária, vão defender a Vila para todo o
sempre, porque elas não aguentarão; isso é uma mentira, isso é uma falácia,
isso é uma inverdade! É necessário que vocês saibam que, neste momento, os
amigos da comunidade são o Governo Lula e o Governo Fogaça; esses, sim, estão
fazendo o trabalho pelo povo!
(Manifestação nas galerias.)
O SR. HUMBERTO GOULART: Quanto ao
contato com a comunidade, quero dizer que, em meu gabinete, tive a satisfação
de receber, 11 vezes, representantes e participantes da comunidade e pude
conversar bastante com eles. E mais, fiz uma audiência pública dentro da
comunidade, num colégio que tem o pátio coberto - eu não me lembro do nome...
Migrantes! E lá eu falei sobre o que iria acontecer na Vila Dique e entreguei
oficialmente para a representante - que todos da comunidade reconheciam, que
ali estava - o plano, por escrito, em suas mãos. Isso ocorreu em janeiro.
Entreguei nas mãos da representante da comunidade o plano habitacional.
No final, causou-me uma satisfação imensa o fato de
eu ter descido do degrau em que estava e, no meio da comunidade, perguntar:
“Fiz toda a explanação que tinha; algum dos senhores tem alguma dúvida sobre
este Projeto? Alguém quer falar sobre este Projeto?”. Com as mãos levantadas
assim (Orador ergue os braços.), eu perguntei, e ninguém se manifestou. Naquele
momento, recebemos uma salva de palmas dizendo: “Nós estamos de acordo com o
que foi dito agora”. Isso aconteceu lá dentro da comunidade. Então me causa
espanto, causa-me espanto, senhores e senhoras...
(Manifestação nas galerias.)
O SR. HUMBERTO GOULART: “Não concordo
com nenhuma palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o direito de
dizê-las”! Por favor! “Defenderei até a morte o teu direito de dizê-las”!
Então, o que acontece? Quando começamos, de maneira
sacrificada... Porque houve problema de estrutura, está havendo chuvas, houve
problemas com a construtora, nós começamos a entregar para os senhores aquilo
que há de ser a maravilha dos senhores para todo o sempre, que é uma casa
bonita, embora pequena. Causa-me espanto que os grupos se reúnam e, agora,
extemporaneamente, longe, atrasadamente, queiram reclamar daquilo que tinham
que ter reclamado no início. Não tem o direito de reclamar agora quem teve a
ajuda democrática. Então os Srs. Vereadores precisavam saber de todo esse
encaminhamento...
(Manifestação das galerias.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Silêncio! Para
concluir, Dr. Goulart.
O SR. HUMBERTO GOULART: Os Srs.
Vereadores precisavam saber de todos esses encaminhamentos para poderem escutar
os dois lados, conhecerem os dois lados e saberem discernir, porque o Governo
Lula e o Governo Fogaça querem a melhoria da família brasileira.
Neste momento, passarei a palavra ao Engenheiro
Reis, que foi o responsável pelo andamento do Projeto e está sendo da
Fiscalização. E depois encerrará falando o nosso representante do social, o Dr.
Severo. Com a palavra, para explicar a estrutura, para que os Vereadores também
a conheçam, o meu querido, inteligente e fiel companheiro Carlos Reis.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Sr. Carlos
Henrique Reis está com a palavra.
O SR. CARLOS HENRIQUE REIS E SILVA: Bom, pessoal,
é um privilégio estar nesta Casa. Presidente, eu tenho 30 anos dedicados à
habitação popular, entrei no Departamento Municipal de Habitação como
estagiário e tenho muita felicidade de ver, nesta Câmara, vários Vereadores que
foram meus chefes, o Vereador que foi meu Prefeito. É um privilégio imenso
estar aqui, Presidente; é uma honra.
Eu gostaria que gente se ativesse um pouco a este datashow.
Já que é uma apresentação para a Câmara, nós vamos apresentar o que nós
fizemos. (Inicia-se a apresentação do datashow.)
Essa é uma vista parcial da Vila Dique, uma vista
aérea da área inicial para o Projeto, atrás da Pista de Eventos. Essa é a Vila Dique,
os 4 mil e 500 metros do local. Este slide mostra um trabalho social,
visitas domiciliares, reuniões com as famílias - fizemos diversas reuniões.
Essa é uma vista aérea de quando não havia nada lá no canteiro de obras. É
muito difícil encontrar áreas para reassentamento em Porto Alegre; as áreas
estão ficando escassas, principalmente as áreas grandes, senhores, e essa era a
última gleba de porte que comportava toda a Vila Dique, em conjunto. O que eu
quero dizer com isso? Que foi uma exigência de vocês não ficar em duas, três
áreas; queriam ficar todos em uma área só. Então, essa é a última grande gleba
passível de parcelamento.
Essa, gente, é uma imagem de satélite de uns meses
atrás, já com toda a infraestrutura colocada; vocês estão vendo o asfalto, os
acessos, todos já colocados.
Esse é o Projeto que a gente está desenvolvendo lá;
são 1.476 unidades habitacionais, são 1.348 unidades tipo sobrado - e depois eu
quero falar, Presidente, dos sobrados - e ainda 108 unidades tipo edifício, que
são 27 edifícios - porque tem gente que não pode subir aquela escada e precisa
do apartamento térreo, pessoas de mais idade, que estão no cadastro social -,
equipamentos comunitários, praça, posto de saúde, associação e escola de
ensino. Então o Projeto contemplou tudo isso. A construção da escola está a
cargo da SMED, e o posto de saúde está a cargo da SMOV, que constrói para a
Saúde.
Eu gostaria de uma especial atenção dos Srs.
Vereadores - inclusive do que foi meu Diretor, o Sr. Tessaro; pessoal que me
acompanhou durante 16 anos, quando eu era coordenador de projetos na
Administração do PT; Ver. Dib, que foi meu Prefeito, tantas coisas fizemos
juntos -, porque a comunidade da Vila Dique ingressou no Ministério Público
dizendo assim (Lê.): “A comunidade da Vila Santíssima Trindade - Vila Dique,
vem por meio deste documento solicitar a impugnação do Projeto Habitacional
feito pelo Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB - e pela Prefeitura de
Porto Alegre. Este Projeto está em desacordo com a maioria dos moradores...”
Isto está datado de 4 de abril de 2008.
Aqui nós temos a entrada no Ministério Público, em
desacordo com o Projeto. E eu gostaria de ler também o Parecer da Promotoria de
Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística (Lê.): “Trata-se de abaixo-assinado
firmado por alguns moradores da Vila Dique retratando inconformidades. Em suma,
aduzem que o projeto habitacional feito pelo Departamento Municipal de
Habitação (DEMHAB) e pelo Município de Porto Alegre estaria em desacordo com a
vontade da maioria dos moradores da Vila Dique. [Eu quero lembrar que, nesse
período, todo o projeto era de apartamentos.] (...) É o breve relato.
O fato de o Projeto estar em desacordo com a
maioria dos moradores da Vila Dique não autoriza a intervenção do
Ministério Público. Assim porque o descontentamento com o projeto habitacional
ofertado pelo Município não configura nenhuma infração à ordem urbanística.
Pelo contrário. O ato administrativo que o Município de Porto Alegre está
promovendo - fornecimento de moradias populares - é elogiável. O próprio
material para divulgação trazido pela comunidade reflete a boa vontade da
Administração Pública, uma vez que as economias contam com dois quartos, sala,
cozinha, banheiro, área de serviço, pátio individual e duas garagens. O entorno
das edificações conta com unidades comerciais, creche, escola, posto de saúde,
duas praças, associação de moradores e unidade de triagem/reciclagem de lixo. E
tudo ofertado para garantir o acesso à moradia de pessoas carentes, contemplado
no art. 6º da Constituição Federal. [Diz ainda o Promotor.] Quantas pessoas
sonham com a casa própria e precisam trabalhar uma vida para adquiri-la? No
caso dos moradores da Vila Dique, este sonho está sendo alcançado por meio do
esforço de um ente público pobre que, dentro da reserva do possível, está
ofertando casas muito além da moradia digna.
Assim, considerando que o Município de Porto Alegre
está fornecendo moradia digna para os moradores da Vila Dique, não há que se
falar em infração à ordem urbanística, mas meramente reivindicação de
interesses voltados à adequação do projeto urbanístico.
Entretanto, com o intuito de resguardar os
interesses dos moradores da Vila Dique, remeter-se-á cópia da presente
documentação para conhecimento do Município de Porto Alegre.
Pelo exposto, não havendo infração à ordem
urbanística, indefiro o pedido ...”
Foi um mandado de notificação à Associação dos
Amigos e Moradores da Vila Dique, expressando a intimação de indeferimento.
Mesmo assim, sensíveis ao que a comunidade vinha pleiteando, pois, naquela
época, a maioria queria ter o seu pátio, era essa a discussão. Eram edifícios
de dois apartamentos embaixo, dois apartamentos em cima; esses apartamentos,
obviamente, em seis metros e pouco de testada, aí a comunidade queria pátio.
Então, a comunidade foi atendida na medida do possível; na maioria das
unidades, a comunidade tem o pátio. Eu não poderia mudar, Presidente, o tamanho
do terreno, isso era impossível, porque já estava aprovado o projeto
urbanístico. Mas, naquela época, ainda fizemos um esforço e mudamos a maioria
das unidades para sobrado, para que cada um tivesse individualizado o seu pátio
dos fundos. Esse pátio pode ser ampliado; pode ser feita embaixo alguma
construção e, em cima, o quarto. Foi feito isso; então, o pedido foi atendido,
sim. Mesmo não sendo obrigados pelo Ministério Público, atendemos à
reivindicação da comunidade naquela feita.
Aquele é o modelo das casas tipo sobrados, que já
há em outros conjuntos.
Este é o sobrado como tantos que nós fizemos, Ver.
Engenheiro Comassetto; eu era o Coordenador de Projeto da época, no PIEC, é um
modelo bastante usado pelo DEMHAB.
Nós ainda temos 27 edifícios desses, porque, no
cadastro, havia pessoas que não podiam subir escadas; então, essas pessoas vão
ser contempladas com apartamentos térreos. É isto que eu estou dizendo - esse
apartamento tem seis metros. Nesses seis metros, eu tinha seis embaixo e seis
em cima. Como a comunidade solicitou que cada um tivesse o seu pátio, para
atender aos anseios e desejos da comunidade, esse edifício foi modificado para
horizontal, com sobrados com uma área de 39 metros quadrados. Deixe-me só
lembrar, o apartamento tem 42,35 metros quadrados.
Sr. Presidente, para vocês terem uma ideia, os
apartamentos do Minha Casa, Minha Vida têm 41 metros quadrados; no PAR, eu
tenho aqui os fôlderes, que é o Programa de Arrendamento Residencial da Caixa,
há apartamentos com 36 metros quadrados e apartamentos com 37 metros quadrados
- eu trouxe vários fôlderes para deixar na Presidência -, e são prestações de
233 reais por um apartamento de 36 metros quadrados. O nosso apartamento lá tem
42 metros quadrados.
Este
é um exemplo de casa para portadores de deficiência, nós temos várias casas
para as pessoas portadoras de deficiência. Isso é uma exigência legal, o
loteamento também é acessível, tem rebaixamento de meio-fio, isso tudo é a
legalidade que tem que ter.
Esta planta mostra a casa acessível, o vermelho é a
cadeira de rodas, e o raio, que é determinado por Lei, é de manobra para
a cadeira. Estas são as casas especiais.
No
que diz respeito ao comércio, vamos deixar claro, este lugar não é para grande
comerciante. Nós temos 103 unidades dispostas no loteamento todo, e esse
comerciante não ganha apenas o módulo, ele ganha um módulo e uma casa. Vamos deixar
claro que o comerciante não está recebendo do Poder Público só aquele módulo
para comércio, ele ganha o módulo e uma casa. Vamos deixar bem claro isso.
Este é o modelo de comércio em outros loteamentos
que nós fizemos no PIEC, na Administração do PT, Ver. Comassetto.
Eu acho que é isso. Eu quero deixar claro que quem
está falando com vocês aqui tem 30 anos dedicados à habitação popular neste
Município; eu tenho uma vida ...
(Manifestações nas galerias.)
O SR. CARLOS HENRIQUE REIS E SILVA: Por favor, eu
sou técnico e estou aqui para expor - 30 anos. Eu quero dizer que nós já
fizemos na Restinga, por exemplo, a casa de dois quartos - eu estou falando na
Restinga, que todo mundo conhece -, tem 30 metros quadrados; a casa de um
quarto tem 23 metros quadrados, e isso era na Restinga.
Eu quero dizer que, no Minha Casa, Minha Vida, para
o qual mais de 50 mil famílias se inscreveram no Departamento, a casa tem 35
metros quadrados. Eu estou com uma casa de 39 metros quadrados e estou
recebendo reclamações.
Só para encerrar, Presidente, eu quero lhe deixar a
documentação toda do Ministério Público, que acatou; quero lhe deixar as
plantas, quero lhe deixar os fôlderes do PAR, no qual as pessoas pagam de 233 a
300 reais.
Mas eu quero lhe falar mais uma coisa: ontem eu
tive reunião na Sehadur - na Secretaria de Habitação do Estado. Só a Vila
Dique, gente, que é o maior investimento em que eu já trabalhei em 30 anos, só
a Vila Dique vai consumir dos cofres públicos e da União 69 milhões de reais.
Eu vou repetir: 69 milhões de reais! E quero dizer que esse jornalzinho é do
Estado, da Secretaria de Habitação, que é de todo o Estado. Eles estão
comemorando, gente, porque, este ano, eles terão 40 milhões de reais para a
Habitação em todo Estado. Uma obra da cidade de Porto Alegre é de 56 milhões de
reais! E essa, junto com a Dique, vai a 130 milhões de reais! O valor dessa
obra é três vezes o Orçamento do Estado, que este ano explodiu. No passado, o
Orçamento do Estado foi de 500 mil reais para a Habitação. Então é compromisso,
sim, desta Cidade, é compromisso histórico desta Cidade a habitação, sempre
foi. Eu trabalho há 30 anos nisso, e esta Cidade clama por habitação, está
sempre em primeiro lugar nas demandas, e eu me orgulho muito do que a gente
está fazendo. São muito melhores e muito maiores essas casas do que aquelas
para as quais 50 mil famílias se inscreveram no PAR. E lá vão pagar, no mínimo,
de 50 a 149 reais; essa é outro pagamento. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Quero
agradecer o Ver. Adeli Sell pela condução dos trabalhos. Quero agradecer a
presença de cada um dos senhores e das senhoras e dizer que a Casa tem uma
regra, as Sessões de quintas-feiras, como as demais Sessões Ordinárias, são
destinadas a tratar desses temas, com a palavra garantida aos Vereadores. Se o
tema não ficar devidamente esclarecido, se os senhores entenderem que é
necessário, a Câmara vai convocar uma audiência pública para tratar do tema,
onde todos vão poder falar, quero garantir isso. (Palmas.) Eu peço a
compreensão dos senhores, sei que todos aqui são pessoas muito educadas;
portanto vamos ouvir com muita atenção os nossos palestrantes. Os senhores vão
fazer as devidas anotações, até para servir ao debate que vamos provocar
depois.
O Sr. Luiz Carlos Severo, servidor do Departamento
Municipal de Habitação, está com a palavra.
O SR. LUIZ CARLOS SEVERO: Boa-tarde a
todos, ao Sr. Presidente, Sebastião Melo; aos Vereadores e à comunidade aqui
presente. O programa de reassentamento da Vila Dique teve início em 1998, por
iniciativa do Governo do Estado, e não se consolidou por falta de recursos.
Posteriormente, em novembro de 2007, o Ministro Márcio Fortes e, à época, o
Governador Germano Rigotto e o Prefeito Fogaça firmaram um termo de acordo e de
reassentamento das famílias, atendendo, sobretudo, a interesses da Infraero, já
expostos aqui pelo nosso Diretor, Dr. Goulart. Como resultado desse termo de
acordo, nós reunimos a comunidade e fizemos inúmeras atividades preparatórias
para a identificação do cadastro socioeconômico. Isso foi exaustivamente
discutido com a comunidade e com os Conselheiros da Região. Iniciamos com a
marcação das casas, e, como foi dito, anteriormente, na exposição do Engenheiro
Reis, o avião fotografou a área, e nós acordamos em assembleia o congelamento
da ocupação, porque ela se estendia até as margens da Freeway. Foram
identificadas 1.100 famílias e mais 173 adensamentos. Houve uma pressão muito
grande de famílias que não moravam na região e, sobretudo, do comércio. Inclusive,
depois, dirigentes do comércio passaram, então, a falar também pela comunidade,
o que nos causou estranheza, porque o objeto do reassentamento é moradia. O
comércio tem assegurado seus espaços, mas isso é consequência.
O que ocorre é que os Projetos foram desenvolvidos,
foi feita a análise qualitativa, quantitativa, e aprovados pela comunidade. É
exatamente o que o Dr. Goulart acabou de expor aqui: todos os Projetos foram
rediscutidos, inclusive com Parecer do Ministério Público.
Nós achamos, Srs. Vereadores e comunidade aqui
presente, que é absolutamente correto lutar pelo aumento do imóvel, mas não
durante o jogo em andamento. Tu não tens como parar um projeto com essa
dimensão, para reaprovar os Projetos, para buscar mais recursos, ou seja, nós atrasaremos
o desenvolvimento deste Programa, no mínimo, mais cinco anos. E as famílias
continuarão na situação em que estão? Quem vai se responsabilizar por isso?
Qual é o caráter deste encontro? Parece-me,
Presidente Melo, data venia, Diretor Goulart, que o caráter deste
encontro nos revela que o Brasil não tem uma política de Estado para a
Habitação, tem programas. Nem as conferências, nem os conselhos têm apontado
isso. Nós trabalhamos por programas.
Vejam que a evolução do tamanho das casas tem sido
muito lenta. Durante o Programa Pró-Moradia, Projeto no qual o Prefeito Tarso
empenhou tudo, a partir de 1996, quando se construiu, até 2002, 5.800 casas em
Porto Alegre, a metragem variava entre 34 e 36 metros quadrados. Agora, a
partir de 2002, 2003, se ampliou um pouco, e estamos, neste momento, com
metragens que variam em torno de 40 metros quadrados. Na Vila Dique, não chega
a 10% o número de famílias de cinco para mais componentes, não ultrapassa,
porque isso está registrado no nosso Relatório e na identificação da unidade
familiar.
Portanto, o importante é que este Programa tenha
andamento, atenda ao interesse coletivo, e não ao interesse eventual ou ao
interesse econômico de quem se coloca, muitas vezes, como líder e como
dirigente numa comissão, e, quando nós vamos ver, o companheiro sentado à mesa
não está nem cadastrado. Essa é a realidade.
Então
estamos aqui para expor, para dizer que a metodologia que o DEMHAB tem
utilizado na avaliação socioeconômica foi construída também com a comunidade,
e, como consequência, na prancha, o arquiteto sentou e desenvolveu o Projeto
segundo a necessidade de 20 deficientes - PcDs, que deverão ter casas
adequadas. Serão construídos sobrados com condições de habitabilidade, que
ultrapassam, e muito, as condições, evidentemente, das pessoas que lá estão.
Há
previsão dos espaços para os equipamentos comunitários, para creches, para
posto de saúde, para escola, e o reassentamento está sendo feito
gradativamente, conforme foi acordado, desde o início, nas assembleias.
Houve ainda a dificuldade técnica - e o Engenheiro
Reis teve que fazer uma investigação geotécnica - da primeira área que seria
desapropriada, que não oferecia condições, porque o solo teria consequência -
em cinco anos, as casas estariam rachando -, e tivemos que buscar outra área.
Em Porto Alegre, as áreas superfaturadas também
dificultaram essa definição. Chegou-se aonde está, e o DEMHAB cumpre muito mais
do que a contrapartida quando conclui a infraestrutura que, aliás, é muito
cara: movimentação de terra, desmembramento dos lotes, aprovação do
planejamento pela SMAM, a retirada de uma árvore - vocês lembram bem o tempo
que isso levou, por exigência ambiental -, a rede cloacal, com estação de
tratamento de Primeiro Mundo, rede pluvial, abastecimento de água, energia
elétrica, conforme vocês têm direito.
Portanto, qualquer alteração tem que ser para toda
a Cidade. Nós não podemos ter uma alteração de projeto, de qualidade, de espaço
físico e metragem, que se dê por esta ou por aquela comunidade. Mesmo no Programa
Socioambiental, os imóveis obedecem ao mesmo padrão. Para a Chocolatão também é
o mesmo padrão, com diferenças de acordo com as características da população.
Agora, exigir - e é um direito da população, é uma preocupação dos Vereadores
e, sobretudo, do DEMHAB - que se tenha imóveis com uma dimensão maior, isso
passa por uma política de Estado.
Nós não podemos continuar migrando de um programa
para outro. O Minha Casa, Minha Vida é um grande Programa que flexibilizou tudo
o que as Prefeituras e todos os movimentos sociais desejam: o aval garantidor,
a documentação, a titularidade dos imóveis, o prazo para a execução de
desenvolvimento dos projetos, algumas flexibilizações na questão ambiental com
a publicação da última Medida Provisória e agora, na aprovação da Lei, ou seja,
tudo isso resulta também num imóvel que é inferior a este. Com toda a dimensão
e todo o recurso público que o Programa Minha Casa, Minha Vida oferece ao País,
não alterou o tamanho do imóvel; aliás, é um imóvel com tamanho inferior ao que
estamos fazendo na Vila Dique, sem falar na prestação.
É evidente que o contrato a ser firmado é de
Concessão do Direito Real de Uso, não é de Permissão Especial de Uso. A
Permissão Especial de Uso, definida na Medida Provisória nº 2.220/01, que regulamenta
o Estatuto da Cidade, é para áreas ocupadas e consolidadas, cujas pessoas
fizeram a casa, como na grande Cruzeiro, e permanecerão lá. Aqui também é área
pública, só que o Poder Público desenvolve projeto, faz a regularização
fundiária definitiva com matrícula individualizada por lote, além dos lotes,
além das glebas e das Quadras, e ali se estabelece, como sempre foi assinado,
inclusive, tanto o Diretor atual, como o Ver. Goulart, da gestão anterior,
cansaram de firmar e assinar Contrato de Concessão do Direito Real de Uso, que
é o que será firmado com a Vila Dique. Depois de um prazo de 10 anos, tendo
matrícula individualizada por lote, tendo concluído o pagamento nesse período,
se poderá, com o Município, propor a titularidade numa negociação, deduzidos os
valores pagos por concessão, que, como se diz, é uma taxa, não é um encargo. Já
no Programa Minha Casa Minha Vida, são prestações mínimas de 50 a 139 reais,
durante 10 anos, seis mil reais para um imóvel - incluindo infraestrutura, no
valor de 41 mil reais.
Esta discussão que, certamente, continua nos remete
não para um programa, mas para uma definição de política de Estado de
habitação, e Porto Alegre tem todas as condições de liderar, a partir da sua
Câmara de Vereadores, juntamente com a população e o Executivo, uma definição
de política de Estado, para que a gente possa ter definições igualitárias, não
migrando de um programa para outro, e não, ao meio de um Programa como este,
propor alterações que, no meu entender, são extemporâneas, vão atrasar o
Projeto e prejudicar a comunidade.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito
obrigado, Luiz Carlos Severo.
Convido os Srs. Líderes de Bancada, por gentileza,
a se aproximarem aqui da Mesa de trabalho.
Solicito a atenção de todos os presentes.
Conversei com todas as Lideranças, de todos os
Partidos da Casa, e todos anuíram que, tendo em vista a relevância da matéria,
nós vamos proceder a uma audiência pública lá na região. (Palmas.)
Nós vamos dar seguimento à reunião, há Vereadores
inscritos; portanto, consulto os Srs. Líderes sobre a proposição feita por este
Presidente.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, evidentemente há
concordância, já dialogamos sobre isso, e V. Exª havia anunciado mais, que nós,
ainda hoje, faremos uma reunião com a comissão geral dos moradores lá no Salão
Nobre da Presidência para acertarmos o dia e a hora que faremos a audiência lá
na base da comunidade.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente, o PSOL está de acordo com a proposta, porque o fundamental nesta
discussão que foi apresentada hoje pelo DEMHAB, sobretudo sobre as casas, sobre
a transferência da Vila Dique, é ouvir os moradores da comunidade. Então nós
não queremos que os moradores fiquem aqui para nos ouvir, como se nós fôssemos
os iluminados e soubéssemos tudo, não pudéssemos ouvi-los. Então, poderíamos
fazer lá mesmo, na comunidade, para não ter o custo do transporte para a
comunidade, em um sábado à tarde como o Presidente propôs, que fosse em um
sábado à tarde para que os trabalhadores possam ir, para que o maior número de
moradores da comunidade possa ir e fazer valer a sua voz.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: A minha
posição, Presidente desta Casa, é que hoje deveríamos ouvir pelo menos duas
pessoas que representem a comunidade da Vila Dique. Pelo menos duas, para
darmos uma satisfação a eles; nós participarmos normalmente do tempo que temos
direito, e depois, realizarmos essa audiência pública lá no local. Obrigado.
O SR. TONI PROENÇA: Presidente, a
Bancada do PPS apoia a decisão de fazer uma audiência pública lá na Vila Dique,
em um sábado de tarde, na qual as pessoas possam se manifestar; que esteja lá o
DEMHAB - já temos a concordância do seu Diretor, o Ver. Dr. Goulart -, que
possamos lá, juntos, construir um acordo, buscar uma solução que contemple a
comunidade, que contemple o Poder Executivo, que contemple a Câmara. Tem o
nosso apoio, Presidente.
A SRA. MARIA CELESTE: Presidente, a
Bancada do Partido dos Trabalhadores mantém a posição de que siga a reunião
normalmente hoje, com a exposição dos Vereadores que já estão inscritos, mas -
assim como o Ver. Pujol e V. Exª já colocaram - que se faça uma reunião agora,
no Salão Nobre da Presidência, junto com a comissão de moradores, para que, juntos,
possamos, todas as Bancadas, Presidência da Câmara e também o Diretor do
DEMHAB, o Ver. Dr. Goulart, propor uma audiência pública que seja realizada lá
na região; portanto com a participação de toda a comunidade, não apenas dos
representantes que hoje estão aqui, porque, hoje à tarde, é um dia de trabalho,
e há muitos trabalhadores e trabalhadoras que só estão liberados à noite ou no
sábado, que é o dia que precisamos verificar se é o melhor para fazermos uma
audiência na Região. Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Agradeço aos
senhores Líderes. Para que a reunião tenha continuidade, estou designando o
Ver. Toni Proença, a Verª Maria Celeste e o Ver. Valter Nagelstein para irem à
Presidência, e peço que a comunidade nomeie cinco pessoas para negociarem o dia
da reunião lá na comunidade, para que a gente possa prosseguir, aqui no
plenário, com as inscrições, tendo em vista o Regimento a ser cumprido. Eu
solicito que os senhores, então, se dirijam à Presidência, onde os Vereadores
terão as condições para formarem a comissão de trabalho. Solicito que as
pessoas que estão fazendo parte da Mesa fiquem para responder os possíveis
questionamentos dos Srs. Vereadores.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.)
O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; prezado colega Ver. Dr. Goulart, Diretor do
DEMHAB, quero cumprimentar toda a equipe deste órgão aqui presente; prezado
representante da Caixa Econômica Federal; colegas Vereadores e Vereadoras;
todos os moradores e lideranças comunitárias da Vila Dique e da região do
Sarandi. Quero fazer uma fala no sentido de contribuir com todos os temas que
nós temos recebido nesta Casa, na Comissão de Transporte, Urbanismo e
Habitação. Nessa Comissão, nós recebemos representantes das comunidades, várias
vezes este ano, que nos trouxeram um conjunto de itens. Da mesma forma,
cumprimento a Bancada do PTB, por ter pedido essa audiência pública, e a
presença do nosso Secretário.
Primeiro eu queria dizer que nós precisamos
entender, pois uma coisa são os Projetos do Governo Federal; outra coisa é a
sua execução. O Projeto do Governo Federal, com o Presidente Lula, tem, sim,
programas direcionados para a habitação, para o saneamento e para a mobilidade
urbana. Agora, quem executa são os Municípios, através das suas prefeituras,
através das suas secretarias, e esse casamento tem que ser bem feito e bem
elaborado sempre. Portanto, venho aqui fazer esta afirmação e esta fala, porque
queremos que este Projeto seja um projeto exemplar na aplicação desses recursos
para a qualidade de vida que tem que ter a população.
Lá em 2005, quando o dinheiro da ampliação do
aeroporto estava para ser perdido, Ver. Brasinha, eu e o senhor, junto com o
então Ver. Carrion, fizemos todo o movimento. Inclusive era a época do
Governador Germano Rigotto, que não assinava os termos necessários para que os
projetos pudessem andar. Portanto, já está demorado, em muito, o Projeto.
Mas, eu quero mostrar aqui, prezado Dr. Goulart,
que há um conjunto de itens que foram trazidos à Comissão. Primeiro, a
comunidade coloca que não se sente contemplada no processo de elaboração e
construção dessas casas. Eu sei que o senhor já pegou esse projeto no meio do
caminho, mas este é um dos pontos que a comunidade reivindica: ser ouvida e que
os problemas trazidos tenham resposta. E isso não está acontecendo. O segundo
ponto que eles nos trazem é que o Projeto apresentado pelo Engenheiro Reis, a
quem respeito e cujo trabalho conheço, é apresentado com uma dimensão, e hoje o
tamanho dos lotes está menor do que o Projeto original, e o tamanho das casas
também. Estou reportando aqui a fala que as lideranças nos trouxeram,
(Manifestações das galerias.), ou seja, que, em muitas das casas que estão
ficando prontas, a qualidade construtiva não tem respondido àquela expectativa
que o Projeto apresentava. Inclusive muitas casas apresentam rachaduras antes
de serem ocupadas.
No que se refere aos equipamentos públicos necessários
para a transferência, tais como a escola para a educação dos filhos, os postos
de saúde e as creches, e, no caso da escola, sequer o projeto iniciou. Portanto
a comunidade não está convencida ou segura da sua transferência sem esses
equipamentos que garantam a qualidade e a tranquilidade da família. E são
oferecidos, sim, projetos alternativos como o Vou à Escola, mas como são cinco
quilômetros de distância, há o problema de as crianças serem levadas e trazidas
para a escola original.
Outra preocupação que nos trazem é com relação à
geração do trabalho/renda. Há muitas pessoas que sobrevivem da atividade da
reciclagem, alguns são carrinheiros; outros têm carroças, mais de cem têm
cavalos, e, até então, não foi apresentada para esse conjunto uma solução para
a sua transferência que contemple os equipamentos de sobrevivência econômica.
Sabemos que está sendo feito um galpão, mas, mais especificamente, aonde irão
os cavalos, de que forma serão alojados? Isso não foi apresentado. Eu teria um
conjunto de outros itens aqui, mas quero trazer essas preocupações, pois, ainda
na semana passada, recebemos na CUTHAB, e estamos aqui externalizando, com um
propósito... Como Conselheiro Nacional das Cidades que sou, ajudo a construir
esses programas do Governo Federal, temos que fazer, sim, Dr. Goulart, com que
o diálogo aconteça, e nós sabemos que, quando há diálogo, conseguimos resolver
os problemas. Ouvir a comunidade é o nosso papel, e estamos à disposição para
que esse Projeto seja um bom projeto e que gere tranquilidade para a Cidade e
para os moradores. Um abraço. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Informo que o
Ver. Adeli Sell esteve representando a Casa ontem, no 10º Fórum Internacional
de Software Livre; o Ver. Airto Ferronato esteve representando a Casa na
reunião de trabalho sobre a Copa 2014; o Ver. Beto Moesch representa a Casa
hoje em Audiência Pública que debaterá o Código Florestal, na Assembleia
Legislativa; a Verª Maria Celeste representou a Casa no Curso de Formação de
Metodologia do Trabalho do Conselho Tutelar e rede de atendimento, na data de
ontem, na cidade de Taquara/RS.
O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.)
A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) Acho que está na Presidência com os moradores da Vila
Dique.
O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em
Comunicações.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Vereadores e Vereadoras; amigos que aqui se
encontram, quando aqui falou o Ver. Airto Ferronato, eu voltei no tempo em 57
anos, e por conhecer o coração do Dr. Goulart é que entendo que a Secretaria
que ele está administrando, uma das mais importantes, das mais difíceis, das
mais emblemáticas, por conhecê-lo é que não acredito que aquilo que eu
acompanho há 57 anos, teria eu uns sete, oito anos, lembro do Seu Benedito, e
olho para vocês, e não vai nenhuma demagogia, porque aqueles que me acompanham
pelo rádio sabem das minhas origens. Quem me acompanha pelo rádio - o Marcelo,
que está lá, é um deles - sabe da minha vida como foi lá atrás, onde eu
comecei; eu tenho cheiro de povo, sinto o povo, convivo com o povo, e não é
nenhuma demagogia. Naquele tempo, o Seu Benedito, o “Nego Benê”, meu pai,
batalhava por isso que vocês estão batalhando hoje; então, seria há 57 anos,
Ver. DJ Cassiá.
Eu, que gosto muito de viajar para o futuro, tenho,
sim, uma relativa facilidade, Secretário Goulart, de voltar também no passado,
e o problema da habitação no nosso País não é de hoje, não é de ontem, não é de
anteontem, é através dos tempos que a coisa mais digna que o ser humano precisa
ter é um lugar decente para morar. Nós continuamos lutando por isso há 57 anos!
Então, quando se marcou este encontro hoje, falou o Secretário, manifestaram-se
alguns Vereadores, alguns assessores, e eu fiquei a pensar aonde foi toda a
dinheirama que entrou ao longo desse tempo - e vou ficar nos 57 anos só para me
basear no que disse o Ferronato -, toda a dinheirama que correu pela República
Federativa do Brasil. Onde é que está esse dinheiro? Quanto dinheiro, quanta
grana, quanto “tutu”, money, desviado, que não chegam às pessoas de
hoje, que são exatamente como eu no passado! Eu lembro da minha mãe, Dona
Luzia, preocupada: “Bendito!” - eles chamavam o velho Benedito de Bendito -
“Nós temos que arrumar um lugar para nós morarmos”. Então, eu sei o quanto isso
machuca no coração de cada um. Mas é através dos tempos, e eu tenho vergonha,
pois eu estou há oito anos e meio aqui na Casa como Vereador, e, num dia como o
de hoje, quando eu tenho que estar preparado para exercer aquilo que eu faço
com a maior paixão da minha vida, que é dividir emoções do futebol com o meu
povo, com as pessoas, independentemente se são gremistas ou colorados, quando
eu estou numa tarde como esta, me preparando para mergulhar de ponta-cabeça na
emoção do futebol da noite, de Internacional e LDU, eu tenho que conviver com
este período da tarde, onde acontece, diante dos meus olhos, aquilo que eu
sofri ali atrás, ali no passado, e vi que nada adiantou, vi que nada evoluiu;
evoluiu, sim, os homens que chegam ao poder e pensam adiante, de uma forma
diferente, nessa corrida desenfreada e desgraçada por mais dinheiro para
aumentar o seu saldo bancário! Isso, individualmente, falando das pessoas e dos
governos. Como é que eu posso ver vocês aqui, agora, e aqueles que conheço, que
moram na periferia de Porto Alegre, pedindo casa para morar e saber que 15
bilhões de reais foram emprestados ao Fundo Monetário Internacional?
Como primeiro pensarmos no possível juro de um
empréstimo de 15 bilhões de reais para o Fundo Monetário Internacional, tão
decantado em verso e prosa como o demônio na Administração anterior deste País,
quando não era o que estava e, agora, é esta a Administração? Nós ficamos
pensando: puxa vida! Lá estão contas secretas do Congresso Nacional, o dinheiro
todo que vai para lá, o dinheiro todo do Imposto de Renda, e nós aqui, de novo,
conversando sobre um lugar para algumas pessoas como nós morar. Isso aqui não é
um problema de oito anos e meio, tempo que estou aqui. Não, não é o problema do
Fogaça, não é problema do Prefeito que passou, do Partido dos Trabalhadores,
não é; é lá de trás, o nosso vício de, pelo dinheiro, corrermos paralelamente
com o capitalismo diante das necessidades humanas.
É mais importante, Ver. Todeschini, o Partido dos
Trabalhadores, no caso, emprestar 15 bilhões de reais para o Fundo Monetário
Internacional do que faltar dinheiro aqui para atender o Marcelo, o Ricardo, a
Dona Ana ou a Dona Maria, que precisam de um lugar para morar! Mas como fazer
cartaz com o chapéu dos outros? O dinheiro é nosso! E, segundo, como contar com
os juros de um empréstimo ao FMI, com os meus amigos, o meu povo, correndo
atrás de um lugar para morar - assim como eu fazia? É duro, é complicado
acompanhar o que se passa no Congresso Nacional e o que se passa aqui na frente
dos nossos olhos - é lamentável! Agora, a esperança é a última que morre! É ou
não é? Vamos continuar pegando. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Carlos
Todeschini está com a palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sr. Presidente do DEMHAB, Dr. Goulart; Dr.
Zeni, representando a Caixa Federal; Srs. Vereadores e Sras
Vereadores; visitantes aqui da Dique, eu quero dizer que acompanho esse
processo desde a época em que o Ver. Engenheiro Comassetto citou aqui.
Toda a Bancada federal gaúcha gravou Emenda no
Orçamento da União para que houvesse recurso para comprar as áreas para o
reassentamento das vilas Dique e Nazaré - foram 4 milhões e 800 mil reais
gravados em 2004 para 2005.
Eu acompanho essa discussão desde o período que
estavam escolhendo os terrenos das olarias, o da Rua João Paris, para fazer o
assentamento, terreno esse que foi rejeitado, porque ali havia um banhado e
estava com o aterro em cima; portanto, um terreno com um chão flutuante. Depois
foi adquirido o terreno para onde está projetada a ida da Vila Dique - era para
ir a Nazaré em conjunto, mas ela não quis, não está aceitando o modelo
proposto; portanto, a Nazaré vai para outros terrenos. E aí foi a Morada do Sol
e a Vila Keddie, parece, ocupar essa área.
Eu quero dizer que, em 2006, quando eu era
Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor - CEDECONDH -, nós fizemos pelo
menos três reuniões, porque havia uma necessidade de discussão, Secretário Dr.
Goulart, sobre o Projeto, sobre a distribuição, e a principal reclamação não é
quanto ao tamanho das casas, mas, sim, quanto ao tamanho do terreno. Não houve
discussão, foi imposto goela abaixo, porque vocês sabiam que havia duas pessoas
que eram manipuladas pela Direção anterior do DEMHAB para fazer vocês engolirem
goela abaixo. (Palmas.)
Eu falo porque, quando a gente pôde discutir, nós
assim discutimos, por exemplo, a Vila Dab Dab, que ficou alagada, Melo, e, com
sua interveniência, nós conseguimos fazer com que houvesse o reassentamento em
tempo recorde, tirando os moradores do flagelo. Isso foi uma discussão acertada
e concertada aqui na Mesa da Câmara, deu certo, e estão lá as pessoas muito
felizes. No entanto, no caso deles, é bem esta situação: eles não tiveram a
oportunidade de discussão, foi uma manipulação brutal de duas lideranças que
eram, digo e repito, manipuladas pela Direção do DEMHAB. (Palmas.)
Portanto, é, sim, muito difícil agora, Dr. Goulart;
é, sim, complicado, porque soltaram a batata quente na mão de V. Exª, que é uma
pessoa de diálogo, que sempre ouviu, que sempre foi acessível, é verdade. Agora
nós vamos fazer um apelo, meu querido Dr. Goulart, para que a gente faça sei lá
o que é possível, mas a grande reclamação, o grande clamor, o grito dessa
comunidade era no sentido de discutir o Projeto, e isso infelizmente não
aconteceu! E não foi por falta de aviso nosso, não foi por falta de pedido, de
alerta. Sempre vinha aqui alguém representando o DEMHAB que não sabia nada, que
não era informado! Vinha aqui apenas como laranja de amostra. (Palmas.)
Infelizmente essa é a realidade. Em outras oportunidades, em outras vilas,
quando a gente discutiu, quando se pôde ajustar, quando se pôde negociar, a
solução foi muito satisfatória, e está todo mundo feliz. Agora, muito nos dói,
porque está vindo um caminhão de dinheiro do Governo Lula para fazer as casas
de vocês, e o Município faz com que isso se estrague! É lamentável. (Palmas.)
Então, meu caro Ver. Dr. Goulart, está aqui o Zeni,
que representa a Caixa, e a Caixa não tem muita ingerência, porque a ela cabe
receber e aprovar os projetos, mas as reclamações dessas pessoas vêm do fundo
da alma, vêm da sua vida em prol do futuro. Portanto, nós devemos aqui, com a
complacência, com a boa vontade do Dr. Goulart, buscar uma solução que deixe
todo o mundo mais feliz. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Nelcir
Tessaro está com a palavra em Comunicações.
O SR. NELCIR TESSARO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; público que nos
assiste; moradores da Vila Dique - tanto estivemos reunidos -, eu tenho que
usar esta tribuna depois da fala do Ver. Todeschini. O Vereador faltou com a
verdade com vocês, usou vocês que estão nas galerias! Usou a boa-fé de vocês,
que vêm buscar uma solução. O Vereador veio aqui para jogar Direção contra
Direção, falar da Caixa, falou de um legítimo representante da Caixa, o Zeni,
que estava aqui, que esteve em todas as reuniões lá no Colégio Migrantes. O
Roberto Zeni esteve presente nas reuniões!
(Manifestação nas galerias.)
O SR. NELCIR TESSARO: Eu quero dizer
a vocês que o Projeto foi discutido, sim. O Projeto foi apresentado e ficou nos
murais do Colégio Migrantes.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Ver. Nelcir
Tessaro, eu vou assegurar o seu tempo. Quero fazer um apelo: a democracia tem
regras, e, por mais que a gente não goste do que o outro está falando, a gente
tem que ouvir para ter o direito de ser ouvido depois. Então, faço o apelo a
vocês. A Casa recebe vocês prazerosamente, mas há um Vereador na tribuna, e a
sua manifestação deve ser respeitada. Devolvo a palavra a Vossa Excelência.
O SR. NELCIR TESSARO: Quero dizer
para aqueles que estavam presentes naquela reunião de apresentação, em que
estava a Caixa, estavam a Verª Sofia e o Ver. Todeschini, que foi gravado um CD
das audiências a pedido de todas as comunidades envolvidas no PAC, a pedido da
Caixa e do Ministério das Cidades. Foram gravadas as reuniões, existe vídeo do
que foi lá tratado. Eu não estou dizendo que não se tenha que resolver alguns
mínimos problemas de vocês; eu estou dizendo que fomos diversas vezes, nos anos
de 2007 e 2008, à comunidade para tratar do assunto Vila Dique, no Colégio
Migrantes. O Paulo, agora há pouco, estava aí, e ele saía com alto-falante
chamando a população; a Enedina também estava presente, e tem mais gente que
estou vendo aqui, da comunidade, que estavam lá presentes.
O problema da Vila Dique tem que ser solucionado?
Tem, sim! É como eu conversei com nosso amigo na outra oportunidade aqui, como
eu conversei com a Verª Maria Celeste, o terreno tem 15 metros quadrados de
fundos.
(Manifestações nas galerias.)
O SR. NELCIR TESSARO: Vocês podem
escutar? Esse Projeto é melhor do que aquele do Ver. Todeschini, do Lula, que é
de 35 metros. Sobre a Vila Dab Dab, como ele falou, o Projeto, que não é dele,
é de 32 metros.
Nós vamos agora falar sobre o Projeto do qual eu
falei com meu companheiro aqui - diversas vezes conversei com ele na Câmara.
Nós temos, nos fundos do terreno, um espaço, e pode-se deixar um projeto
pronto pela equipe técnica do DEMHAB para fazer o terceiro e o quarto
dormitórios, se quisermos. Basta apenas a vontade política de fazer mais um
projeto e deixar ainda dois metros por três, que são seis metros quadrados para
espaço livre, de gramado, para as pessoas. E nos fundos, para deixar o Projeto
pronto, falta a comunidade vir desarmada, sem ser manipulada politicamente como
está hoje. A comunidade tem que olhar o Projeto, e o DEMHAB apresentar um
projeto que dê uma ampliação a essas casas, que é possível, sim, e vai
satisfazer as famílias que têm quatro filhos, até seis filhos, porque poderão
ficar com os dois dormitórios que já existem e mais dois nos fundos. Embaixo,
um dormitório de nove metros quadrados e mais um de nove metros quadrados em
cima. Um dormitório de nove metros quadrados! E eu pergunto, Ver. Dib, V. Exª,
que conhece muito bem como é a construção civil, e para o Ver. Carlos
Todeschini, que planejou, no seu Governo, uma casa de emergência de nove metros
quadrados - ele colocava quatro pessoas em nove metros quadrados na casa de
emergência que ele criou: como pode vir criticar esta metragem que está aqui?
Porque a vontade política dele é maior do que a vontade de vocês residirem em
casas dignas. Vocês têm que pensar na dignidade, e é isto que tem que se dar:
dignidade, Ver. Todeschini!
Pela primeira vez, uso esta tribuna para fazer uma crítica
a um Vereador, porque eu gosto de transparência e verdade. Sempre, a melhor
coisa é a verdade, para fazer com que as coisas aconteçam melhor na Casa.
Então eu quero dizer, meu amigo, e para aqueles que
estavam no Colégio Migrantes: vamos trabalhar juntos, sim, para fazer um
projeto que possa fazer o terceiro e o quarto dormitório para as famílias todas
terem dignidade e poderem colocar os seus filhos em todas as casas que poderão
ficar prontas lá. Obrigado. (Vaias.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs.
Vereadores, com o fito de contribuição, eu quero dizer que, nas Sessões que
tratam de tema específico, o livro fica aqui à disposição, e podem ser feitas
até 15 inscrições, mas os Vereadores têm que registrar no livro as suas essas
inscrições.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em
Comunicações.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; ilustre Dr. Goulart, Diretor-Geral do DEMHAB,
foi lá no DEMHAB, quando se chamava Serviço de Habitação Popular, que eu
comecei a trabalhar na Prefeitura. Portanto, eu conheço um pouquinho da
história do DEMHAB e conheço bastante da história da Prefeitura.
Há poucos dias, eu gravei um programa no Canal 16
chamado Trajetória, que mostra a vida de todos os 36 Vereadores. Eu, nesse
programa, disse que passei uma infância extremamente difícil, que conheci todas
as vicissitudes e que não gostava de falar da minha infância, e não falo da
minha infância. Apenas não conheci a fome e nem a falta de amor materno; o resto
eu conheci.
Cheguei nesta Cidade, trabalhei sete dias por
semana e, quando concluí a Escola de Engenharia, eu era pai de dois filhos e
não devia nada a ninguém. Eu passei, inclusive, períodos muito difíceis com a
minha própria saúde, mas cheguei lá. Portanto, eu respeito todos aqueles que
conseguem as coisas que querem. Agora, nada deve cair do céu.
Eu era Prefeito, quando se instalou lá a Vila
Dique. E já sabia a Cidade que havia a necessidade da extensão da pista do
Aeroporto. Recentemente eu critiquei a Infraero, porque os nossos voos aqui
atrasam - 10,12,15 voos -; outros são cancelados tanto na saída quanto na
chegada. E eu critiquei a Infraero. Ontem eu tive que fazer uma penitência: não
podem instalar o equipamento que há para ser instalado, porque a pista tem que
ter 3.200 metros. Então nós estamos prejudicando a Cidade, o Estado e o País.
Há uma necessidade, evidentemente, de levar aquelas pessoas que se instalaram
porque quiseram; não foram levadas a se instalarem lá.
Eu, quando assumi a minha vida pública, entendi que
uma das coisas que eu tinha que ter era coerência. Hoje vejo pessoas que
aprovaram 32 metros quadrados para um sobrado reclamarem de 39 metros
quadrados. Isso eu não admito. Eu, se estivesse fazendo essa reclamação, teria
o direito, porque reclamei até na Justiça dos 32 metros quadrados da Vila
Planetário para os sobrados. Reclamei mesmo, e não obtive nada. Fizeram em
terreno de alto valor na Rua Dona Eugênia, com 32 metros quadrados; fizeram, no
bairro Espírito Santo, sobrados com 32 metros quadrados.
Eu acho que o importante - e não sei quais as
condições do DEMHAB para fazer isso - é que o terreno seja um pouco maior.
A
ideia que eu sempre tive e sempre defendi é que entregassem à população não a
casa, mas o terreno urbanizado, para que eles construíssem as suas casas, com
um projeto a ser fornecido. (Palmas.) Nunca foi aceita essa minha ideia. No
entanto, eu a defendi quando eu cheguei ao DEMHAB, em 1952, no Serviço de
Habitação Popular, e continuo defendendo a mesma ideia.
Quando eu fui Prefeito, o Ver. Reginaldo Pujol era
o meu Diretor-Geral do DEMHAB, e nós fizemos muitas habitações, apartamentos
maiores que 32 metros. Lá está o Conjunto Residencial Loureiro da Silva, com
514 apartamentos; nenhum deles tem 32 metros quadrados - ou então o conjunto
Residencial Jenor Jarros.
E se houver
a possibilidade, nobre Vereador e Diretor-Geral do DEMHAB, de dar um terreno um
pouco maior, eu acho que realmente é importante. Mas eu acho que, na vida, cada
um tem que conquistar o seu direito, não esperar doação.
Como eu disse, eu cheguei aqui com dificuldades;
não tirei nada de ninguém, não devo nada a ninguém, mas conquistei tudo o que
eu podia conquistar. E por isso eu dizia no programa que eu gravei: “Eu sou um
homem feliz. Não tenho inveja, não tenho ódio, não tenho necessidades maiores.
E, se eu tivesse maiores necessidades, eu tentaria conquistar”.
Portanto, eu respeito a população que aqui está de
maneira ordeira, de maneira disciplinada, que busca uma solução, mas a
população tem que saber que essa solução não sai do “mapa do milagre” e que, no
passado, não deram essas soluções; agora estão tentando. Então, vamos
discuti-la com a tranquilidade e com a serenidade com que precisa ser
discutida. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro a
presença do nosso sempre Prefeito de Cacequi, Gil Almeida, assessor do Prefeito
José Fogaça. Bem-vindo à nossa Casa.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, V. Exa alertou que haveria possibilidade de inscrição de vários
Vereadores para debater este tema. Eu quero dizer que não me inscrevi e não me
inscreverei por uma questão de coerência. Compus com as Lideranças que nós
haveríamos de concertar - e está sendo concertada, lá no Salão Nobre, pela
Liderança do Governo, pela Liderança da oposição e mais um representante da
Mesa - uma assembleia geral lá na comunidade, quando, então, nós, antes de
falarmos, ouviríamos a comunidade, e me mantenho coerente com isso. Vou
aguardar para ouvir, e depois falar. É isso, Sr. Presidente. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito
obrigado. Eu concedo a palavra ao Secretário Dr. Goulart, para suas
manifestações finais.
O SR. HUMBERTO GOULART: Ver.
Sebastião Melo, quero agradecer a oportunidade que V. Exª nos deu de podermos
nos expressar mais uma vez com a comunidade, e acho que também é boa esta
solução de nós estarmos juntos com a comunidade, desta vez discutindo itens que
a comunidade não está aceitando agora, em momento tardio. Então, nós estamos
preparados para ir lá conversar com a comunidade e tentar resolver aquilo que
for possível.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Bom, eu quero
agradecer primeiro a presença da comunidade e dizer que a comissão que
representa os senhores está lá no Salão Dilamar Machado acertando os detalhes
da audiência que será realizada lá na comunidade.
Em segundo lugar, agradeço enormemente a presença
do DEMHAB, dos seus técnicos e, especialmente do seu Presidente, que é um homem
sensível e que tem feito um esforço magnífico para dar curso a um desafio
enorme do mundo urbano, que é mais do que dar moradia, mas dar dignidade às
pessoas. Então, cumprimento o Dr. Goulart, a nossa Caixa Federal aqui presente.
Quero fazer um reconhecimento público, mais uma vez, e quero que o senhor leve
a todos os dirigentes da Caixa do Rio Grande do Sul a maneira qualificada com
que tem debatido com esta Casa e com a Cidade sobre esse tema desafiador. Muito
obrigado pela presença.
Encerro este período da Sessão, no qual estão
presentes o Dr. Goulart, o DEMHAB e a Caixa Federal. (Pausa.)
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 6513/08 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 266/08, de autoria da
Verª Neuza Canabarro, que denomina Rua Hiroshima o logradouro não cadastrado,
conhecido como Rua Hiroshima, localizado no Bairro Agronomia. (desarquivado
pelo Ver. Toni Proença)
PROC.
Nº 0763/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 020/09, de autoria do
Ver. Dr. Thiago Duarte, que altera a ementa, os arts. 1º e 3º e o “caput” do
art. 2º e inclui arts. 2º-A e 3º-A na Lei nº 9.102, de 14 de abril de 2003 -
que institui o terceiro turno de assistência em Unidades Sanitárias (US) que
atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS) -, instituindo o terceiro turno de
atendimento assistencial em postos do Programa de Saúde da Família (PSF) e
dando outras providências.
PROC.
Nº 1856/09 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 011/09, de autoria do Ver. Dr. Thiago
Duarte, que concede ao Mestre Akira Taniguchi Shihan, “in memoriam”, o Diploma
Honra ao Mérito.
PROC.
Nº 1936/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 079/09, de autoria do
Ver. Mauro Pinheiro, que obriga o Departamento Municipal de Água e Esgotos
(DMAE) a, nas contas de água e esgotos que emitir, indicar, em metros cúbicos e
em litros, o volume total de água consumida.
PROC.
Nº 2767/09 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/09, que cria o
Turismo Aquaviário no Município de Porto Alegre.
PROC.
Nº 2425/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 104/09, de autoria da
Mesa Diretora, que inclui arts. 50-C, 62-B e 62-C na Lei nº 5.811 de 8 de
dezembro de 1986 - que estabelece o sistema de classificação de cargos e
funções da Câmara Municipal de Porto Alegre e da outras providências -, e
alterações posteriores, instituindo a Gratificação Legislativa de Estímulo a
Produtividade (GLEP) para os detentores dos cargos de Assistente Legislativo I,
II, III, IV, V e VI do quadro de cargos efetivos e dando outras providências, e
revoga os arts. 53-A e 62-A dessa lei e o art. 7 da Resolução nº 2.109 de 2 de
julho de 2008.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 1978/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 081/09, de autoria da
Verª Fernanda Melchionna, que inclui art. 6º-A na Lei nº 5.548, de 28 de
dezembro de 1984 – que consolida dispositivos relativos à instituição da
Passagem Escolar no Município de Porto Alegre e dá outras providências –, e
alterações posteriores, possibilitando o uso dessa passagem em todos os dias da
semana, inclusive em feriados.
PROC.
Nº 2134/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 090/09, de autoria da
Verª Sofia Cavedon, que institui Área de Interesse Cultural (AIC) envolvendo o
Bairro Cidade Baixa, delimitada pelas Avenidas João Pessoa, Ipiranga, Praia de
Belas e Loureiro da Silva, e dá outras providências.
PROC.
Nº 2695/09 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 019/09, de autoria da Mesa Diretora, que
inclui art. 4º-A na Resolução nº 1.262, de 13 de dezembro de 1994, que cria o
Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, destinando espaço para a
exposição permanente de fotografias de seus ex-Presidentes.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Adeli
Sell está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente; colegas
Vereadores e Vereadoras, eu quero aqui levantar uma questão acerca de um
Projeto de autoria do Ver. Dr. Thiago Duarte, que institui o terceiro turno de
assistência em Unidades Sanitárias que atendem ao Sistema Único de Saúde,
instituindo o terceiro turno de atendimento assistencial em postos do Programa
de Saúde da Família e dá outras providências.
Quero alertar que, na verdade, não é necessário ter
um projeto de lei para tal; basta a vontade política de atender nos postos de
saúde por mais tempo. Na Vila Alexandrina, por exemplo, há mais de seis meses,
não temos dentista. E hoje tivemos aqui uma fala do Conselho Regional de Odontologia
levantando a questão importante da saúde bucal.
O turno normal deveria ser durante o dia, e sabemos
que os turnos em geral são encurtados por várias razões, e ainda assim não
temos os profissionais que deveriam estar trabalhando nos postos de saúde. O
Vereador, que é médico, sabe disso, e isso é um atestado inequívoco de que a
Saúde vai mal em Porto Alegre, de que não há o atendimento médico necessário,
imprescindível para tal. Não há! Não há!
Então, minhas senhoras e meus senhores, não é
preciso o Ver. Aldacir Oliboni fazer um projeto de lei para criar o terceiro
turno. É preciso, sim, chamar o Secretário da Saúde à sua responsabilidade, o
Prefeito e a Gestão, que se comprometeram com o povo de Porto Alegre, na
eleição do ano passado, a fazer com que aumentassem não sei quantos PSFs. Podem
as senhoras e os senhores olhar o Plano Plurianual. Como comentei aqui na
semana passada, no Plurianual, dizem que vão fazer 100 quilômetros de
ciclovias, e eu mostrei que, da forma que estão colocando, é uma enganação, é
um chute; não há planejamento.
Não há dentista para o povo da periferia na Vila
Alexandrina. Vão fazer 100 quilômetros de ciclovias em Porto Alegre - podem
“aplicar” para outros, mas, para nós, que conhecemos o Orçamento de Porto
Alegre, que sabemos que não existe vontade política de fazer o que tem que ser
feito, não será feito o terceiro turno!
Nós queremos alertar as senhoras e os senhores para
tal, mas nós vamos acompanhar e queremos debater esse Projeto de Lei, inclusive
já em nível de Comissão de Constituição e Justiça, para saber se cabe um
Projeto do Legislativo ou se devemos fazer um Pedido de Providências e convocar
o Secretário da Saúde para tal.
Essas são as minhas considerações.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Eu quero
ratificar dois convites: primeiro, quero dizer que, às 17h, nós estaremos
atendendo o Simpa, junto com o Secretário Clóvis Magalhães e todos Vereadores
que queiram participar dessa discussão; será no Salão Dilamar Machado, para
tratar de um tema importante, que é a questão salarial dos municipários e
outras reivindicações.
Também, para as 19h, nós queremos também ratificar
o convite para o debate sobre a Reforma Política. Hoje estarão aqui o Deputado
Ibsen Pinheiro, o Deputado Vieira da Cunha, o Professor Benedito Tadeu e o
Professor André Marenco. O tema é voto em lista ou voto não em lista, um tema
muito interessante. Eu quero ratificar o convite a todos aqueles que queiram
participar desse debate.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
o Ver. Dr. Thiago Duarte apresenta um
Projeto que altera a Ementa, os arts. 1º e 3º e o caput do art. 2º e inclui arts. 2º-A e 3º-A na Lei nº 9.102, de 14
de abril de 2003, que institui o terceiro turno de assistência em Unidades
Sanitárias que atendem ao Sistema Único de Saúde, instituindo o terceiro turno
de atendimento assistencial em postos do Programa de Saúde da Família e dando outras
providências.
É claro que, na forma da
Lei Orgânica do Município, art. 94, compete ao Prefeito tomar providências nesse
sentido, mas é muito claro que, para que isso ocorra, são necessários recursos.
E é mais clara ainda a imoralidade do Governo Lula, a imoralidade da Câmara
Federal porque não votaram a Emenda Constitucional n° 29, que daria mais
recursos para a Saúde. E, sem recursos, ninguém faz saúde.
Portanto, já fiz uma indicação ao Deputado Michel
Temer e a todos os Líderes de Bancadas, só que a minha Indicação ainda não foi
colocada na Ordem do Dia para ser votada: eles precisam voltar a discutir a
Emenda n° 29 - a qual, no ano passado, durante todo o ano, o Governo Lula
impediu que fosse votada, e os apoiadores aceitaram isso, e a oposição não foi
eficiente o bastante para fazer com que ela fosse votada; prometeram votar
depois das eleições do ano passado. E, em 2009, vai terminar o semestre agora,
na próxima semana, e nós não ouvimos falar na votação. Portanto, o Dr. Thiago
pode, como médico, querer atender melhor a população, mas precisa de recursos -
e precisa de muitos recursos; e isso nós não temos.
O Ver. Mauro Pinheiro quer obrigar o DMAE a
indicar, nas contas de água e esgoto que emitir, em metros cúbicos e em litros,
o volume total de água consumida.
Eu acho que nós não podemos menosprezar o povo
porto-alegrense. O DMAE coloca não só o consumo do mês, mas também o consumo
dos cinco meses anteriores. É verdade que coloca em metros cúbicos, mas todos
nós sabemos que, nas nossas ruas, o metro cúbico tem mil litros de água. Então,
eu não vejo motivo para criar um problema a mais, que não vai ser lido, porque
o que interessa mesmo ao consumidor é o quanto ele tem de pagar. E ele pode
querer saber que o que ele está pagando de esgoto, por exemplo, corresponde a
80% daquilo que ele consumiu de água. Não há problema nenhum, não vejo
necessidade de mais uma lei, de mais uma assinatura num projeto de lei. Não tem
sentido.
Nós não precisamos de leis; nós precisamos cumprir
as leis existentes. E não sou eu quem diz isso; vou dizer hoje, de novo, que
quem disse isso foi um Governador, em 1830 - eu dizia o nome dele errado, era
Caetano Maria Lopes Gama, e eu dizia que era Caetano Maria Lopes Gomes. Então
hoje eu vou repetir: Caetano Maria Lopes Gama, em 1830, dizia: “Chega de leis,
as que já existem são suficientes, basta que sejam cumpridas”. Nós só fazemos
leis e não nos preocupamos com o cumprimento das mesmas. Portanto, vamos
cumprir leis, e chega de leis. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver.
Engenheiro Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente dos trabalhos, Ver. Adeli Sell; colegas Vereadores, Vereadoras;
senhoras e senhores, eu quero hoje me deter no Projeto de autoria do Ver. Dr.
Thiago Duarte, que propõe, através de um Projeto de Lei, instituir o terceiro
turno de assistência nas Unidades Sanitárias que atendem ao Sistema Único de
Saúde - o SUS -, instituindo o terceiro turno de atendimento nos Postos de
Saúde da Família - PSF - e dá outras providências.
Eu quero aproveitar a oportunidade que o Dr. Thiago
nos traz para fazermos uma reflexão sobre o principal problema da Administração
Fogaça na atualidade, que é a desestruturação do Sistema de Saúde.
Eu acho que é meritória a
preocupação do Dr. Thiago, o qual chamo de Doutor porque é médico, atende num
posto de saúde e foi responsável pela saúde distrital do Extremo Sul, na gestão
anterior do Governo Fogaça.
Eu digo que essa intenção é meritória porque traz o
debate, mas este Projeto, Sr. Presidente, é um projeto que não cabe à Câmara.
Não é de responsabilidade da Câmara, Ver. João Antonio Dib, fazer projeto para
que Saúde abra por mais algumas horas os postos de saúde; isso é de
responsabilidade do Executivo Municipal.
Portanto o Ver. Dr. Thiago perdeu uma excelente
oportunidade de, quando foi gestor de Saúde no Extremo Sul, junto com o Dr.
Eliseu Santos, que continua Secretário da Saúde, implantar isso, implementar
isso. Eu vejo que aqui temos um conjunto de Vereadores da base do Governo que
são médicos. Esses Vereadores, médicos, da base do Governo, que têm uma
formação na Saúde - que é uma bela formação -, quando estão no meio político,
devem ter lado! Então, eles têm de exigir do Governo Fogaça, aqui desta
tribuna, que os postos de saúde não sejam fechados. Ver. Paulinho, o senhor que
está assumindo aqui como Suplente da base do PMDB, o Governo Fogaça fechou o
Posto de Saúde de Belém Novo, desde o último dia 3, no Pronto Atendimento que é
de três turnos - exatamente igual ao Projeto que o Dr. Thiago está querendo
implementar. E aí é justificado, porque as paredes estão rachando. Isso é uma
falta de competência na gestão pública da Saúde! Vereador João Antonio Dib, o
senhor já foi Prefeito, e eu pesquisei lá no seu trabalho: o senhor não mandou
fechar nenhum posto de saúde. Agora, se o senhor estivesse como Prefeito, e
houvesse um problema estrutural no prédio, o que o senhor iria fazer? Tenho
certeza absoluta de que, como engenheiro e Prefeito que o senhor já foi, o
senhor iria arrumar um outro local, transferiria a equipe para lá, anunciaria à
comunidade que havia sido transferido, continuaria funcionando, e seria feita
uma reforma. Agora, fechar o Posto de Saúde, porque há rachaduras nas paredes e
não ter verba orçada para alugar uma casa, não ter verba orçada para fazer a
reforma, e mais de trezentas pessoas por dia - que vão lá no Pronto Atendimento
do Belém Novo - ficarem na fila, não dá! Eu aproveito a oportunidade que o Dr.
Thiago traz para fazer este debate porque, enfim, é nosso colega, e temos que
aqui dialogar e construir alternativas.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Isso mostra a imoralidade da Câmara
Federal, que não vota a Emenda que dá mais recurso para a Saúde no País. Não é
para Porto Alegre; é para o País todo! Hoje 4% da receita tributária é
destinado para a Saúde, e às, vezes, é usado para suplementação. Com aquela
Emenda Constitucional, nós chegaremos a 10% da receita tributária; aí nós vamos
ter Saúde.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Quando se fala
de imoralidade, nós temos de falar também nos recursos municipais - e lá está o
Ivo Fortes, que coordena a Câmara Técnica do Hospital Parque Belém. Nós
aprovamos, nesta Casa, no Orçamento, dinheiro para ser dirigido à construção do
projeto Pronto-Socorro Zona Sul. O dinheiro foi aprovado por todos nós, caducou
no Orçamento e não foi utilizado pelo Executivo Municipal. A diretriz está no
Plano Plurianual; e, até o momento, não foi feito nenhum movimento.
Com a chegada do Ver. Dr. Thiago, encerro a minha
fala aqui, e quero dizer, novamente, que é oportuna a proposta apresentada pelo
Ver. Dr. Thiago, porém ressalto que essa é uma ação do Executivo. Perdeu uma
grande oportunidade o Ver. Dr. Thiago, porque, na primeira gestão do Governo
Fogaça, ele foi dirigente da Saúde na Restinga e Extremo Sul. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Srs. Vereadores e
Sras Vereadoras, eu sou brasileiro de primeira geração, mas sou
integralmente brasileiro, tenho todo o meu sangue voltado para os interesses
deste País, desta nossa amada Porto Alegre, mas também tenho orgulho da minha
ascendência libanesa. Meus pais vieram do Líbano casados, e eu nasci em
Vacaria, fui criado em Caxias, depois vim para Porto Alegre. Dos meus
descendentes, já em número de nove, sete deles nasceram em Porto Alegre e dois
em São Paulo - tenho três filhos e seis netos. Os três filhos nasceram no
Hospital Beneficência Portuguesa, cujo estado atual eu lastimo. Dos meus netos,
quatro nasceram aqui: um menino e três meninas; e em São Paulo, nasceu um casal
de gêmeos, coincidentemente no dia em que Porto Alegre comemora a sua fundação.
Sr. Presidente, quero ler um trecho da revista
Carta do Líbano, que recebi ontem, que me deixou extremamente satisfeito.
(Lê.): “Líbano espera abrir o livro da paz e da soberania nacional. No mercado
editorial do mundo árabe, diziam, antigamente, que o Egito escrevia, o Líbano
editava e o Iraque lia. Não é uma surpresa escolher Beirute, capital do Líbano,
como a capital mundial do livro para 2009, mas um reconhecimento cultural e
histórico do papel de Beirute na difusão da cultura, literatura e arte no mundo
árabe. [Lá no Líbano, que foi a suíça do oriente, onde as guerras têm causado
enormes depredações, mas o povo libanês reconstrói.] E para conquistar este status, Beirute abraçava e defendia
sempre a liberdade de opinião e de consciência. A Capital libanesa recebia com
tolerância, oferecia o espaço para que os intelectuais árabes recuperassem sua
autoestima, respirassem a liberdade e exercessem a plena cidadania. A luta dos
libaneses durante 30 anos não foi uma disputa pelo poder como está sendo
percebido por muita gente dentro e fora do País, mas sim pela liberdade de
consciência numa região governada por regimes que censuram a palavra e opiniões
opostas. (...) Eleita pela organização da ONU para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), como a capital mundial do livro, Beirute será palco, durante
todo este ano, de diversas atividades culturais e de promoção à leitura. As
autoridades libanesas comprometeram-se a honrar o título internacional, e tanto
o Presidente libanês, Michel Sleiman, como o Ministro da Cultura, Tammam Salam
[Salam é paz.], confirmaram a disposição de converter não só a Capital, mas
todo o País num espaço de fomento da indústria do livro. Na avaliação do
Presidente libanês, a leitura é um hábito unificador da cidadania e deve ser
preservado. ‘É responsabilidade de nosso País prosseguir como paradigma da
interação cultural, da civilidade e da humanidade, e como exemplo de união
nacional no contexto da diversidade’, destacou Sleiman em seu pronunciamento,
na abertura das comemorações no Palácio da UNESCO, dia 25 de abril, em Beirute.
Na ocasião, o Ministro da Cultura, Tammam Salam, entregou a esfinge que
simboliza o início da iniciativa Beirute: Capital Mundial do Livro 2009.
Segundo Michel Sleiman, o objetivo maior das atividades relativas ao ano do
livro no Líbano é criar uma base cultural, despertando as crianças para o
prazer da leitura... [As crianças, hoje, só querem a televisão. E diz mais.]
(...) ‘Se a palavra não for a pedra fundamental da nossa obra, tudo terá sido
em vão. Nosso ideal é o de semear, cada vez mais, o bom pensamento, a leitura e
o conhecimento, para que a colheita seja abundante e renda frutos a serem
transmitidos de geração em geração. E, assim, Beirute prosseguirá como a
capital das letras e da criação do alfabeto, sobre a qual uma obra sólida
poderá ser erguida’.”
Com isso, eu digo da minha satisfação de ter
ascendência libanesa, mas também de ser 100% brasileiro, ainda que da primeira
geração. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Alceu
Brasinha está com a palavra para uma Comunicação de Líder. (Pausa.) Não se
encontra no momento.
O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. DR. THIAGO DUARTE: Caro
Presidente, Ver. Adeli Sell; caros colegas Vereadores, quero cumprimentá-los e,
em especial, o Ver. Dib, em quem nos espelhamos para fazer a redação e a
modificação desse Projeto que foi baseado em um Projeto de V. Exª, que já está
em atividade na Cidade.
Hoje eu queria fazer duas considerações; a primeira
é com relação a esse Projeto que eu vou mencionar, mas, antes disso, há um
outro pedido meu de concessão de Diploma de Honra ao Mérito, que está na Pauta,
ao Professor, ao Mestre sensei Akira Taniguchi, meu professor de caratê, que me
ensinou muitas coisas e, dentre elas, talvez a principal seja o modo de
condução na vida. Há uma frase que o japonês sempre utiliza e que vale em todas
as horas, principalmente nesta, e principalmente nesta Casa, que é “nunca fazer
aos outros o que não gostaria que fizessem a você mesmo”. Essa é a minha
homenagem, e eu espero que seja aprovada por todos os senhores essa solicitação
de Diploma de Honra ao Mérito.
Com relação ao terceiro turno de atendimento no
PSF, que já existe, graças a um Projeto do Ver. Dib, nas Unidades, o nosso
objetivo com esse Projeto é a ampliação do atendimento no Programa de Saúde da
Família. Eu tenho certeza de que todos nesta Casa vão revisar a sua opinião e
vão ser favoráveis a isso, porque isso significa a ampliação do atendimento
médico nos postos de uma forma geral. Isso possibilitará que o trabalhador que
labuta até as cinco, seis horas, principalmente na periferia da Cidade, na
Restinga e no Extremo Sul, por exemplo, e também no Rubem Berta - está ali o
Paulinho, que pode nos dizer -, e que não consegue chegar até a Unidade de
Saúde no tempo normal de abertura, possa ter seu atendimento na unidade básica,
e isso passa por uma ampliação do atendimento entre 15 e 22 horas. O Projeto
prevê atendimento principalmente daquelas pessoas que acabam não tendo acesso
ao sistema de Saúde. Mais importante do que ter os postos de saúde nesta Cidade
é que se dê acesso ao conjunto das comunidades ao atendimento de Saúde, e é a
isso que visa esse Projeto. Sumariamente, ele visa à ampliação do atendimento
dessas populações e se baseia numa experiência positiva que já ocorre na
Restinga. No Posto da 5ª Unidade, que é um posto de PSF, de forma livre e
independente, aquela equipe já executa isto, uma experiência muito bem
sucedida, uma vez por mês. Então, a equipe estendeu o atendimento para
populações e programas específicos. A nossa ideia é que possa se estender o
atendimento para a população em geral, principalmente para aquela que não tem
condições de ir ao posto, o trabalhador, e eu tenho a certeza de que todos os
Partidos que defendem o trabalhador, que atuam com o nome de trabalhador, vão
ser favoráveis a esse Projeto.
Com relação ao Posto de Saúde do Belém Novo, eu
quero dizer que tive uma grata surpresa na inauguração do Centro de
Planejamento Familiar, quando o Secretário, Dr. Eliseu, disse que a casa já
está assegurada, provavelmente contra muitas pessoas - as pessoas do quanto
pior melhor - e positivamente para Porto Alegre. Esse Posto vai ser instalado a
partir da semana que vem, nessa casa alugada. Quero dizer que, como Gestor na
Região, eu não executei a obra, porque esse problema ocorreu agora, faz parte
da intempérie da natureza, e, se alguém quiser determinar as intempéries da
natureza, aí é outro problema; o problema da rachadura do Posto aconteceu
agora. E é importante que tenhamos coerência quando falamos; não se pode dizer
para os funcionários da Prefeitura e do HPS que queremos melhores condições de
trabalho e deixar o pessoal de Belém Novo com o Posto caindo em cima da cabeça.
É importante ter coerência quando se fala, e não ter dois pesos e duas medidas
diferentes.
Então, quando querem fazer discurso em praça
pública, usam um discurso; quando vão ao Belém Novo, querem que os funcionários
não tenham condições de trabalho. Nós temos coerência! Nós somos a favor do
pagamento do adicional de insalubridade aos funcionários do HPS, e nós somos a
favor de condições dignas de trabalho para quem trabalha nos postos da
periferia da Cidade. Essa população e esses trabalhadores não podem ser
discriminados como foram, por 16 anos, pelo Município de Porto Alegre.
Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver.
Engenheiro Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell, tenho o prazer de falar em nome da Bancada do
Partido dos Trabalhadores e já quero dizer que a nossa Bancada vai votar
favoravelmente ao Projeto do Ver. Dr. Thiago, que estende o terceiro turno.
Talvez a gente faça uma emenda, para que todos os postos, Verª Maria Celeste,
tenham o quarto turno, para que os recursos da Saúde sejam bem aplicados.
Agora, não podemos aceitar que a gestão pública da
Saúde de Porto Alegre feche posto de saúde por uma incapacidade de gestão,
deixando, desde o último dia 3, mais de 300 pessoas sem atendimento diário em
Belém Novo, e que, como foi anunciado pela Liderança do PDT, somente na próxima
semana poderá - poderá! - ser reaberto o posto! São 30 dias! Trinta dias vezes
300 são nove mil atendimentos que não foram realizados numa região distante de
todos os outros postos de saúde. Nós, como Vereadores responsáveis pela boa
aplicação dos recursos públicos e como fiscalizadores das ações públicas do
Governo Fogaça, não podemos aceitar que uma gestão feche um posto de saúde e
que colegas Vereadores, só porque são da base do Governo, aceitem e concordem
com isso com naturalidade, Ver. Brasinha. Não, não podemos aceitar! Se o
Presidente Lula fizer um encaminhamento errado, mesmo sendo do meu Partido, eu
vou criticá-lo. A Governadora Yeda só faz encaminhamentos errados! Em relação à
Saúde, ela deve para Porto Alegre mais ou menos 40 milhões de reais, os quais
não repassa. Eu não vi e não ouvi uma única vez, prezado Ver. Valter, o
Prefeito Fogaça cobrar da Governadora Yeda que repassasse o dinheiro da Saúde
que deve ao Município de Porto Alegre! Essa é uma exigência que nós todos
devemos fazer, porque isso é recurso público, e é determinação constitucional
que o Estado tem de repassar esses recursos, assim como a União repassa
diariamente e em dia. Se nós pegarmos as nossas planilhas diárias, vamos ver a
informação de que hoje o Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde está
repassando recurso para Porto Alegre, repassando recurso à especialidade
Odontologia, para a Atenção Básica dos povos indígenas. De onde vem isso? Do
Governo Federal.
Nós nunca vimos, no espelho da Casa, um único dia,
o repasse dos recursos do Estado do Rio Grande do Sul para o Município de Porto
Alegre! Nós não podemos ficar calados! Assim como não podemos ficar calados
quando um gestor público da área da Saúde fecha um pronto atendimento que tem
três turnos, que atende 300 pessoas por dia, como é o caso do Belém Novo, e que
nós não possamos aqui cobrar publicamente isso! Porque não é o fato, Ver.
Valter, de estarem trincadas as paredes do Posto que temos de proteger os
funcionários. Temos um acordo, temos de protegê-los. Mas um gestor público não
deixa chegar a esse ponto, ele transfere o posto para um outro local, mantém o
atendimento e, a partir daí, faz a reforma, aloca recursos! Portanto, qualquer
defesa aqui do Governo Fogaça por ter fechado o Posto de Saúde, por favor, quem
fizer isso não está defendendo o direito básico da população, que é o direito à
Saúde, à Educação, ao trabalho, ao transporte, como determina a Constituição. E
esse é o nosso papel como legisladores.
Bom, nós, da oposição, não temos problema nenhum de
vir à tribuna orientar o Governo Fogaça e dizer: “Fogaça, o senhor está errado
na gestão da Saúde, porque está fechando posto, tem dinheiro no Orçamento, e a
população está ficando sem atendimento.” Essa é a centralidade do tema que
trazemos aqui, e a Bancada do Partido dos Trabalhadores concorda com o Projeto
do Ver. Dr. Thiago, que pede para abrir o terceiro turno em todos PSFs da
Cidade. Talvez venhamos a fazer uma emenda a esse seu Projeto para pedir que
seja aberto o quarto turno. Um grande abraço.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Aldacir
José Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. REGINALDO PUJOL: Eu estou
inscrito na Pauta antes do Ver. Oliboni.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): As Lideranças
Partidárias têm precedência sobre a Pauta. Se V. Exª quiser também se inscrever
em Liderança Partidária, o DEM tem um tempo regimental.
O SR. REGINALDO PUJOL: Vou me
inscrever, Sr. Presidente.
O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre
Presidente, Ver. Adeli Sell; colegas Vereadores e Vereadoras; público que nos
acompanha pelo Canal 16, quero me somar, nesta manifestação, a todos os
jornalistas do nosso Estado, do nosso País, até porque percebemos, ontem, que o
Sindicato Estadual dos Jornalistas fez uma mobilização no Centro da nossa
Cidade, em repúdio à não obrigatoriedade do diploma para exercer a sua
profissão. Nós, jornalistas, percebemos - portanto, quero falar aqui como
jornalista, formado na Famecos, na PUC - que essa decisão do Supremo nos leva
para uma situação desagradável, tão desagradável, que qualquer cidadão agora
pode concorrer com aqueles que se dedicaram de quatro a seis anos,
diuturnamente, à luta para conseguir não só enfrentar a universidade, mas
concluí-la e ter um diploma para exercer a profissão. Tenho certeza absoluta de
que a proposição que está sendo apresentada no Congresso Nacional e no Senado,
Ver. Nagelstein, logo terá êxito, porque é inadmissível que apenas uma das
profissões dos cursos superiores possa ter lesado o seu direito de utilizar
toda aquela experiência, aquela dedicação dos quatro anos de luta e de
conquista do seu diploma. Portanto, não é justo que o Supremo agora adote esse
critério, e, logo ali adiante, já sinalize, inclusive, que outras profissões
podem perder os direitos e que as empresas não têm a obrigatoriedade de
solicitar o diploma para o exercício da profissão. Portanto é legítimo esse
Movimento. Como jornalista, quero aqui me somar a essa luta e dizer que estamos
elaborando uma Moção de Apoio a todos os jornalistas do País, mais precisamente
ao Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio Grande do Sul, para que, se for
necessário ir a Brasília, nós estaremos juntos, em nome da Câmara, apoiando o
retorno da obrigatoriedade do diploma de jornalista.
E não só o Sindicato estava presente hoje na
mobilização; estava a Assembleia Legislativa, estavam vários sindicatos do
interior do Estado, como estavam várias instituições públicas dizendo que é de
fundamental importância a exigência do diploma. Tanto é verdade, que o
jornalista Léo Nunes diz o seguinte (Lê.): “Isso mostra que, enquanto o Supremo
Tribunal Federal está desconectado da realidade social, os veículos de
comunicação devem continuar contratando jornalistas diplomados”. Portanto, por
esse Movimento, temos certeza absoluta de que devemos nos agregar a essa luta,
porque não é justo que o estudante, que tinha uma perspectiva de vida ao
concluir um curso superior, possa, ali adiante, estar nas mesmas condições dos
que não têm diploma para o exercício da profissão. Por essa razão, estaremos,
então, fazendo uma Moção aqui na Câmara, com cópia a todas as entidades, ao
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Senado e - por que não? - ao
Supremo, para que eles percebam a importância, sim, de uma especialização,
porque não teria sentido, é claro, também outras faculdades fazerem uma longa
experiência de vida para terem o diploma, o estágio e assim por diante, e, logo
ali adiante, num canetaço, o Supremo tirar o direito dos cidadãos que
investiram por muitos anos, até porque passaríamos a ter o direito de pedir o
ressarcimento das universidades. Se o meu diploma não vale mais, quem vai me
ressarcir o investimento que fiz durante quatro anos, pagando, estudando e
dedicando parte da vida para conseguir esse diploma? Por essa razão é que vamos
fazer a Moção, vamos pedir o apoio da Casa e, com certeza, representá-la no
Congresso Nacional e no Senado, para que volte, sim, a obrigatoriedade do
diploma para o exercício da profissão de jornalista. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder e, após, para
discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu insisti em falar em Pauta, e insisto, porque
hoje passa pelo debate preliminar um Projeto de Lei de autoria da Verª Sofia
Cavedon, de grande profundidade, que vai merecer uma ampla discussão aqui na
Casa, um Projeto que institui Área de Interesse Cultural, envolvendo o bairro
Cidade Baixa, delimitado pelas Avenidas João Pessoa, Ipiranga, Praia de Belas e
Loureiro da Silva. Eu espero ainda poder falar sobre esse assunto na Pauta,
porque, na Comunicação de Líder, eu sou arrastado pelo debate provocado pelo
Ver. Aldacir Oliboni, que, solidário com a sua categoria, protesta contra a
decisão do Supremo, que resolveu não mais tornar privativa dos jornalistas
devidamente diplomados pelas inúmeras faculdades existentes no País, a
profissão de jornalista, para retornar a uma situação anterior aos anos
70, quando a ausência de formação de nível superior de jornalistas, no País,
autorizava e estimulava a figura do “profissionado”, daquele que, comprovando
vários anos de exercício da profissão, acabava recebendo essa titulação e o
registro correspondente.
Quero dizer, por exemplo, que, nos anos 70, eu fiz
um curso promovido pela Fundação Educacional Padre Landell de Moura,
devidamente reconhecido pelo Sindicato dos Radialistas de Porto Alegre e do Rio
Grande do Sul, e era o meio pelo qual, na ocasião, se ensejava essa figura do
registro profissional. Mas isso é fato superado! Estou falando dos anos 70 - já
virou o século, já virou o milênio. Então, eu concordo com o Ver. Oliboni que
isso representa um grande retrocesso. Ainda que eu tenha, como Liberal, alguma
resistência à excessiva concentração de poder na chamada corporação de ofício,
eu tenho que reconhecer que mudar a regra do jogo nestas circunstâncias,
desconhecer o esforço feito por milhares de jovens que ficaram anos aguardando
na universidade a habilitação legal que o diploma lhes concederia para exercer
uma profissão, fazer essa alteração é absolutamente desnecessário. O que se diz
hoje é que há jornalistas demais, porque, se já há dificuldade no mercado de
trabalho para absorver o formado, por que recriar a figura do licenciado, se o
mercado não é capaz nem de absorver os já existentes? Há vários jornalistas em
desvio de função por não terem os meios de comunicação a capacidade de absorver
todo esse mercado de trabalho. Então eu quero, com a maior tranquilidade, Ver.
Aldacir José Oliboni, me juntar a V. Exª, e nós temos que usar a Câmara como
grupo de pressão. Já há 30 Senadores da República, e Senadores das mais
diferentes correntes partidárias; não vá se dizer que são do DEM, que tem como
posição a primazia nesse grupo. Não! Nem, tampouco, que são do PMDB, que é o
maior Partido do Senado; nem do PT, o Partido do Governo; nem do PSDB, que é o
Partido da oposição; são de todos os Partidos. Juntar 30 Senadores rapidamente,
e, em menos de 72 horas, pegar a assinatura de 30 Senadores não seria uma
tarefa fácil se não houvesse essa coesão e essa junção de posições nesse
sentido.
Por isso, então, eu quero, Sr. Presidente, nesta
Comunicação de Líder, externar a minha solidariedade ao Ver. Aldacir José
Oliboni, que, digamos assim, protestou em causa própria. Eu não tenho pelo que
protestar, mas tenho que me solidarizar pelo que de justo é essa solidariedade.
Vamos, Ver. Aldacir, preparar uma Moção nossa. Inicie a Moção, conte com o meu
apoio, e vamos, imediatamente, levá-la ao Senado Federal, onde já se esboça
esse movimento. O Senado parece que está querendo fazer coisa boa agora, eles
estão mais atrapalhados do que “cego em tiroteio”, então estão querendo fazer
coisas boas, vamos aproveitar que o Senado precisa mostrar serviço para a
Nação.
Mas, para finalizar esse tema, quero dizer que, às
vezes, Ver. Oliboni, é preciso a gente ser picado para sentir o ônus. Faz muito
tempo que o Supremo está procurando ocupar espaços que chamam de vazios
legislativos, e que dizem que é omissão das Casas Legislativas. Há vários
assuntos neste País que não foram deliberados, porque os projetos ficam andando
anos e anos no Congresso Nacional, e não acham solução.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Ver. Reginaldo
Pujol, V.Exª tem mais cinco minutos para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: O Ver. Valter
Nagelstein, que é o homem que lidera o Governo aqui nesta Casa, se especializou
em desengavetar projetos que estavam parados por aí. E nós temos que cobrar dos
nossos representantes - todos nós temos representantes nos Parlamentos -, que
eles não abram mais espaço para essa transformação. O Judiciário está fazendo
lei, está ditando lei, e o Legislativo, pelas CPIs, etc. e tal, está querendo
assumir as funções do Judiciário. Então, há esse contrassenso total.
Eu enfoco diretamente o Projeto de Lei da Verª
Sofia Cavedon, que se encontra na Pauta, e quero firmar a posição, Sr.
Presidente, dizendo que o Projeto confessa, desde logo, que se fundamenta no
art. 92 da Lei que instituiu em Porto Alegre, no ano de 1999, o Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, a chamada Lei Complementar nº 434. Esse
assunto - e lamento que hoje não tenhamos aqui a presença do Ver. Mauro Zacher,
que se encontra numa missão externa, porque ele tem uma grande preocupação com
isso - levanta um debate mais amplo, que está sobrestado no reexame do Plano
Diretor, que é a instituição das Áreas de Interesse Cultural. E agora, Ver. DJ
Cassiá, Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esportes e Juventude da
Casa, quer se ampliar essa discussão para, além das Áreas de Interesse
Cultural, as Áreas de Ambiência Cultural. Então, o Projeto proposto pela Verª
Sofia Cavedon, em que pese se valer de uma abertura legal, invade uma seara
cuja discussão precisa ser profundamente esgotada, na medida em que pudermos
contribuir para dirimir essa situação. Nós não podemos ser predadores e
terminarmos com todo o patrimônio cultural da Cidade. Agora, também não podemos
ser engessadores da Cidade, colocando regras na lei, que são engessadoras do
desenvolvimento da cidade de Porto Alegre.
A Liderança do Governo me honra com o seu
pronunciamento.
O Sr. Valter Nagelstein: Vereador, eu
que agradeço a V. Exª, que me distingue com o aparte. E quero dizer bem
rapidamente que, ainda ontem, na discussão de Pauta, tratei a respeito do mesmo
tema e da ameaça que paira, na verdade, sobre a Cidade, mas especialmente sobre
o bairro Cidade Baixa, se nós levarmos adiante esse Projeto da ilustre Verª
Sofia Cavedon. Nós temos que encontrar a mediação correta entre todos os interesses
que existem em cada bairro da Cidade, e, certamente, não será elevando todo o
Bairro, da forma como se propõe neste Projeto, a uma Área de Interesse
Cultural, e sobre ele lançando todos os gravames que isso representa, que nós
vamos estar contribuindo para o desenvolvimento, seja da Cidade Baixa, seja da
nossa Capital. Muito obrigado, Vereador.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V.
Exª o aparte e quero dizer que fico muito feliz em contar com a sua integração
nesse trabalho de acautelamento do interesse público efetivo na Cidade, porque
a própria Lei hoje em revisão estabelece algumas regras pelas quais, Ver. Dr.
Raul, se criam essas áreas de patrimônio cultural. Eu sei que V. Exª tem
profunda vinculação com o bairro Petrópolis. Há grandes discussões naquele
Bairro a respeito da implantação de uma Área de Interesse Cultural no bairro
Petrópolis. Pessoalmente acho que há algumas coisas no bairro Petrópolis que
têm que ser preservadas, por exemplo aquela caixa d’água que tem ali na...
(Aparte antirregimental do Ver. Valter Nagelstein.)
O SR. REGINALDO PUJOL: Pois é. Aquele
é um lugar que tem que ser preservado. Há que ser feito um inventário que a Lei
aqui estabelece, cuidadoso e criterioso, desapaixonado, para que se preservem
determinados locais e ambientes da cidade de Porto Alegre com condições de
serem preservados efetivamente. Não adianta preservarmos centenas, milhares de
residências em Porto Alegre sem ter condições de preservá-las. No Quarto
Distrito, há inúmeras residências, e eu não sei por que a área da Confecção
Jack, por exemplo, está preservada, está listada como de Interesse Cultural.
Não tem Interesse Cultural. Por quê? Porque lá teve uma indústria que quebrou?
Ora, se nós formos dar como de interesse cultural todas as áreas onde as indústrias
perderam espaço e se retiraram do Município de Porto Alegre ou que tiveram
sucesso, nós vamos parar com a cidade de Porto Alegre.
Então esse tema Área de Interesse Cultural é muito
polêmico, é apaixonante, e nós vamos ter que enfrentá-lo. Eu, pessoalmente,
tenho tido o cuidado de não me aprofundar muito sobre ele, enquanto ele estiver
em exame pela Relatoria - a Verª Maria Celeste é a Relatora e a coordenadora
dos trabalhos -, no nosso trabalho de exame do Plano Diretor. Certamente agora
essa coisa está se focando, não dá para deixar passar batido esse clamor de
“vamos preservar, vamos preservar!” Vamos preservar o que merece ser preservado
e o que nós possamos preservar. Chega de sonho nesta Cidade e chega também de
engessamento, porque, na medida em que se sonham algumas soluções e não se tem
condições de executá-las, acabamos provocando engessamento. Está cheio de
locais, aqui em Porto Alegre, casas que estão caindo. Eu vou dar uma rua: a Rua
Demétrio Ribeiro. No seu início, os moradores dali nos honraram com as nossas
propagandas em seus muros na ocasião. Ali há interesse de fazer construções e
há trancamentos; vamos superar esses trancamentos, vamos dar condições para que
Porto Alegre possa se desenvolver. Vamos preservar os nossos bens culturais, os
nossos patrimônios culturais, mas não vamos entrar nessa postura deletéria de
achar que tudo tem que ser preservado, de que nada tem que ser modificado. Se
isso ocorrer, nós não estaremos preservando, estaremos engessando,
impossibilitando a Cidade de ter um desenvolvimento.
Agradeço, Sr. Presidente, a sua tolerância e
concluo reconhecendo que V. Exª, mais uma vez, foi o Presidente democrático e
aberto na condução dos trabalhos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado,
Ver. Reginaldo Pujol.
O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para
uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhoras,
eu quero me somar à fala do Ver. Reginaldo Pujol e dizer a V. Exª que, ontem,
em discussão preliminar de Pauta, eu também me manifestei acerca do mesmo tema,
Ver. Pujol, e externei a minha preocupação com relação à elevação do bairro
Cidade Baixa à Área de Interesse Cultural, porque acho que isso cria, volto a
dizer, um gravame muito importante sobre o Bairro e uma restrição que pode,
sim, causar um prejuízo muito grave. Lembro aos Srs. Vereadores o exemplo do
Hotel Nacional, na Av. Sete de Setembro, que acabou pegando fogo e hoje está
uma ruína, colocando, inclusive, em risco a vida dos transeuntes que passam por
aquela região, exatamente por esse gravame que se criou. Não se pôde fazer mais
nada, e ao proprietário não é lícito e não é dado absolutamente nada, quer
dizer, cria-se uma situação de engessamento tal, que, infelizmente, determina
inexoravelmente o caminho da ruína a esse prédio, porque também não se dá
estímulo para que o proprietário o conserve. E eu acho que há outra legislação,
Ver. Beto Moesch, que tem trabalhado nesse sentido. Temos que criar uma
legislação que crie um estímulo e um incentivo para o proprietário que tem um
prédio histórico.
Quero dizer também, Ver. Dr. Raul, nós, que somos
moradores do bairro Petrópolis, que dirigi um ofício ao Sr. Prefeito Municipal
manifestando o meu apoio à conservação da caixa d’água da Praça Mafalda
Verissimo, que fica ali na Rua Felipe de Oliveira, esquina Borges do Canto.
Acredito, sim, que ali é um marco afetivo e referencial do bairro Petrópolis e
que precisa, necessariamente, ser preservada a caixa d’água, e espero que haja
a devida sensibilidade do Sr. Prefeito - tenho certeza de que sim -, do
Diretor-Geral do DMAE, Dr. Flávio Presser, e também do Secretário da Cultura de
Porto Alegre, Sergius Gonzaga.
Quero comunicar aos Srs. Vereadores que agora, às
17 horas, o Secretário Clóvis Magalhães, por intercessão da Liderança do
Governo e a pedido da Mesa desta Câmara, estará reunido no Salão Nobre desta
Câmara, o Salão Dilamar Machado, juntamente com as lideranças do Simpa -
Sindicato dos Municipários -, tratando da questão do reajuste dos funcionários
municipais.
Quero dizer também que hoje, pela manhã, conversei
com a Secretária Clênia Maranhão a respeito do reajuste das creches de Porto
Alegre, que prestam, não há dúvida nenhuma, um inestimável serviço, sobretudo
às crianças e às famílias da nossa Cidade e que receberam um reajuste de 5%. As
creches estão inconformadas com esse reajuste, porque, no seu dissídio, foi
dado um reajuste aos funcionários dessas creches, por sua vez, de 7%. Quero
lembrar que estamos numa crise internacional bastante grave, a arrecadação de
Porto Alegre tem caído todos os meses, a Prefeitura fez um esforço enorme para
que se dessem os 5%, e precisamos de sensibilidade. Eu só não compreendo por
que a Justiça do Trabalho, quando fez o dissídio dos trabalhadores dessa
categoria, também não teve a sensibilidade de olhar para essas questões de
crise internacional, que são importantes e que se abatem, na verdade, sobre
todo o mundo, e não somente sobre a nossa Capital. Portanto, se deu 7% lá para
os trabalhadores - e é justo que os trabalhadores tenham a reposição das suas
perdas salariais -, mas também é preciso que se olhe o contexto, que se olhe a
floresta em seu todo, e não somente uma realidade determinada.
Eu quero me somar à manifestação do Ver. Oliboni,
que falou a respeito da questão dos jornalistas. Já tive oportunidade, quando
falava aqui nesta tribuna o Ver. Luiz Braz também sobre o mesmo tema, de
sugerir, Sr. Presidente, que esta Câmara de Vereadores fizesse uma comunicação
ao Supremo Tribunal Federal, à Federação Nacional dos Jornalistas, acerca da
nossa inconformidade com relação a essa decisão do Supremo Tribunal Federal,
mas também reconhecendo o voto do Exmo Ministro Marco Aurélio Mello,
que foi a voz dissonante e que se manifestou a respeito da necessidade,
obviamente, do diploma de jornalista para o exercício dessa profissão, que é
uma das profissões mais caras do nosso País.
Quero comunicar ainda, Sr. Presidente, que hoje,
pela manhã - quero cumprimentar o Ver. Airto Ferronato, cumprimentar V. Exª,
Ver. Adeli Sell -, participamos de uma reunião muito produtiva aqui na nossa
Comissão Temática do Cais do Porto e do Centro da Cidade; recebemos a visita do
Dr. Maurênio Stortti, que nos trouxe uma apresentação acerca de um trabalho
exaustivo, profundo e, da minha parte, instigador. E eu fiquei, devo confessar,
muito otimista com relação àquilo que vi, porque projetou para mim uma
realidade fantástica do nosso Cais do Porto, do Centro da Cidade. Queira Deus
que tenhamos forças, que consigamos construir o consenso que é necessário para
que Porto Alegre resgate aquela área e para que nós possamos ter o Cais do
Porto conforme está previsto ali naquele Projeto, porque eu tenho certeza
absoluta de que aquilo há de transformar, de forma completa e definitiva, a
realidade e o panorama da nossa Capital. Porto Alegre anseia, Porto Alegre
precisa, Porto Alegre sonha, Porto Alegre deseja, há mais de 30 anos, que nós
tenhamos recuperada aquela área belíssima e histórica do Cais do Porto, e agora
é chegada a oportunidade, Sr. Presidente. Eu só quero lamentar que, na reunião
de hoje, do Conama - Conselho Municipal do Meio Ambiente -, foi pedido vista
nesse processo, e eu espero e rogo que nós não venhamos a sofrer atrasos no exame
desse processo. Eu aproveito para fazer um apelo ao Secretário Professor Garcia
- já concluo, Sr. Presidente -, aproveito para me dirigir, desde aqui da
tribuna da Câmara de Vereadores, um apelo ao nosso colega, Secretário do Meio
Ambiente, Professor Garcia, para que convoque, Srs. Vereadores, uma reunião
extraordinária do Conselho do Meio Ambiente para que esse assunto, que é tão
importante, não fique aí como tantos outros Projetos, como tem acontecido na
nossa Cidade, às vezes, esquecidos nos escaninhos ou nas gavetas do nosso Poder
Público.
Agradeço
as palavras do Ver. Reginaldo Pujol, dizendo que tem sido a minha preocupação,
na Liderança do Governo, desarquivar e fazer andar muitos Projetos. Acho que é
a nossa tarefa, a nossa missão. Nós pedimos votos, e fomos eleitos exatamente
para isso. A Cidade precisa se desenvolver, e a nossa tarefa, como agentes
públicos, é caminharmos de forma resoluta, de forma decidida, para que a Cidade
encontre o seu fim e o seu desiderato, que é o seu desenvolvimento econômico e
social. Não há desenvolvimento social sem desenvolvimento econômico.
Portanto, concluo, agradecendo e fazendo um voto de
solidariedade à Bancada do PT, ao Ver. Carlos Todeschini, que, praticamente,
foi vítima de uma agressão na saída do nosso Plenário. Acho isso desrespeitoso,
injusto, e quero manifestar a minha solidariedade ao Ver. Todeschini. Sei que é
sagrado o direito de o povo se manifestar, mas esperamos que, das próximas
vezes, esses atos não se repitam mais, e que as pessoas compreendam a nossa
tarefa como legisladores. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Dr.
Raul está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. DR. RAUL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Sras Vereadoras, venho a esta tribuna, porque dois Projetos me dizem
respeito, e quero me somar a essas iniciativas.
O Ver. Pujol, anteriormente, já se manifestou a
respeito das Áreas de Interesse Cultural - e a Verª Sofia Cavedon propõe,
também, a modificação delas na Cidade Baixa - e quero dizer que essas áreas,
realmente, têm que ter a sua credibilidade levada em conta, porque temos muitas
Áreas de Interesse Cultural, prédios tombados, que hoje já não estão nessa
situação e que têm de passar por uma revisão.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria que V. Exª, que conhece bem
esse setor, porque é da sua atividade profissional, me esclarecesse um fato:
primeiro, há alguma dificuldade de ordem administrativa para que surja esse
terceiro turno? Como decorrência dessa primeira pergunta, faço a segunda:
precisamos impor por Lei o que me parece ser uma medida administrativa possível
de ser feita sem maiores dificuldades?
O SR. DR. RAUL: Ver. Pujol, eu acredito que a
Lei, neste caso, realmente não se faria necessária, mas a sociedade clama por
uma solução para a matéria; ela tem a grande qualidade de trazer para a nossa
Câmara de Vereadores o debate, e isso eu acho que é o principal,
independentemente de a Lei vir a ser aprovada ou não, mas temos que qualificar
o sistema de Saúde da Cidade e nos somar à iniciativa que eu acho muito
meritória, de que possamos realmente ter o terceiro turno na grande maioria das
Cidades, ou pelo menos regionalmente, através de uma setorização que possa
atender melhor às demandas da comunidade que depende exclusivamente do SUS.
Obrigado, saúde para todos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Encerrada a
discussão preliminar de Pauta. Mais uma vez, solicito aos Srs. Vereadores e às
Sras Vereadoras que, se puderem, participem da reunião que faremos
agora no Salão Nobre, para discutir a questão dos servidores públicos
municipais. Volto a convidar todos para hoje, quinta-feira, 25 de junho, às
19h, a participar de um grande evento aqui, com algumas figuras nacionais, para
discutirmos a Reforma Política. Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h17min.)
* * * * *